EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Rizomas”,
de Joana Dionísio
Curadoria | Jayne Dyer, Virgílio Ferreira
Design expositivo | Nuno Pimenta
Bienal '25 Fotografia do Porto
Estação de Metro de S. Bento
15 Mai > 29 Jun 2025
A cada dois anos, sensivelmente por esta altura, o átrio da Estação de Metro de S. Bento ganha um colorido diferente ao ver-se invadido por um conjunto de fotografias de grandes dimensões, sempre interessantes e apelativas. É a Bienal de Fotografia do Porto e o resultado desse seu desígnio de expandir diálogos culturais com diversas comunidades e territórios, propondo uma programação participativa entre o artístico e o cívico. Tal acontece uma vez mais este ano, entre 15 de Maio e 29 de Junho, com o trabalho “Rizomas”, belíssimo conjunto de imagens de Joana Dionísio, através do qual a autora materializa a intenção de criar caminhos alternativos de promoção da sustentabilidade no Geoparque Algarvensis, abordando o activismo social enquanto ferramenta de construção de práticas comunitárias colaborativas e transformadoras. À artista interessam-lhe as acções integradas de geoconservação desenvolvidas no Geoparque, que partem da interdependência e potenciais sinergias entre pessoas e território, gerando uma rede de resiliência que trabalha com foco num futuro sustentável.
Dentro dos limites geográficos dos Municípios de Loulé, Silves e Albufeira, o Geoparque Algarvensis alia uma estratégia de geoconservação e um conjunto de políticas de educação e sensibilização ambiental, à promoção de um desenvolvimento socio-económico sustentável baseado em actividades de geoturismo que procuram envolver as comunidades locais, contribuindo para a valorização e promoção dos produtos locais. Oficializado em 2019, iniciou de imediato um trabalho de sensibilização junto das populações locais sobre o conceito de Geoparque em todo o seu território, estando a preparar o dossier de formalização da respectiva candidatura à rede Mundial de Geoparques da UNESCO. Território identitário, inspirador, transformador, de pertença, que convida a visitar, fixar e investir, de forma consciente e em harmonia com os valores naturais e culturais presentes, o Geoparque Algarvensis é “uma maneira feliz de estar e de viver o território”. As imagens que Joana Dionísio nos oferece parecem provar isso mesmo.
Apostando naquilo que as imagens sugerem, a fotógrafa deixa ao espectador a tarefa de decifrar cada olhar, cada gesto, num exercício de identificação e de apelo à memória. As relações intergeracionais surgem ao nosso olhar como uma evidência muito forte, assim como algo que poderia identificar como a partilha de experiências e conhecimentos. Um homem tenta desobstruir uma linha de água, uma idosa faz exercícios de mobilização dos braços, uma criança é auxiliada numa tarefa, dois homens amparam-se mutuamente na travessia de uma rua, uma mulher jovem inspecciona o joelho esquerdo de uma idosa. Na interpretação que cada um dá àquilo que vê reside o valor maior da fotografia de Joana Dionísio, sendo certo que a observação pessoal que resulta no parágrafo anterior pode estar muito distante da realidade. A fotógrafa afasta-se propositadamente dessa dimensão documental, convidando o espectador a valorizar o que há de proximidade e cumplicidade na sua fotografia: Mãos que se tocam, braços que se abraçam, ouvidos à escuta, o olhar que vê.
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