EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Future Studies”,
de Luca Locatelli
Bienal ’25 Fotografia do Porto
Leica Gallery Porto
16 Mai > 29 Jun 2025
Com um percurso de quinze anos como fotógrafo e narrador de histórias visuais, Luca Locatelli tem-se colocado, de forma persistente, a questão de como arte e ciência podem convergir para inspirar futuros mais sustentáveis. Durante grande parte da sua carreira, sempre se sentiu atraído por aquilo que considerava ser o auge do engenho humano: tecnologias sofisticadas e descobertas científicas concebidas para enfrentar os nossos desafios ecológicos mais prementes. Daí que o seu trabalho possa ser definido como uma profunda exploração visual da intersecção entre humanidade, tecnologia e meio ambiente. Por meio de imagens meticulosamente compostas e narrativas documentais, o artista capta as complexidades da nossa busca pela sustentabilidade, revelando tanto a promessa quanto as consequências do progresso tecnológico. Simultaneamente reflexão e provocação, a sua fotografia incita o espectador a contemplar o frágil equilíbrio entre inovação e responsabilidade ambiental na construção do nosso futuro colectivo.
“Future Studies”, a mostra que se apresenta na Leica Gallery Porto tem um duplo desígnio. Por um lado, integra a plataforma “Conectar” da Bienal ’25 de Fotografia do Porto, questionando os paradigmas dominantes de crescimento e a mutação das relações que conformam o nosso mundo. Por outro, responde aos objectivos da Leica em dar a ver o trabalho de alguns dos grandes fotógrafos da marca, como é o caso de Luca Locatelli, vencedor do Prémio Leica Oskar Barnack 2020, precisamente com esta série. Através dela o fotógrafo concentra-se em questões tão actuais e candentes como o medo do futuro e o cepticismo em relação ao progresso. A este propósito, diz: “O meu objetivo com este projecto é convidar o espectador a reflectir sobre o conceito de crescimento e a nossa relação com a natureza e a tecnologia. Durante muito tempo, o progresso tecnológico representou a base sobre a qual visões utópicas do futuro foram construídas, permitindo-nos aceder a uma quantidade extraordinária de produtos e a um conforto inimaginável”. Mas não deixa de acrescentar que “hoje, como nunca antes, tomamos consciência do seu lado sombrio, dos danos causados no passado, bem como dos riscos inerentes a habitarmos um mundo altamente tecnológico.”
Centrais nucleares desactivadas, instalações portuárias, um parque eólico no Mar do Norte, uma mina de carvão na Alemanha, uma fábrica de produção de energia a partir de resíduos na Dinamarca, uma descomunal estufa na Islândia ou o maior cemitério de aeronaves do mundo no Arizona são algumas das impactantes imagens que podem ser vistas nesta série. São frequentemente imagens aéreas, cuja perspectiva permite um acesso completamente novo a operações e paisagens frequentemente ocultas ou de difícil acesso. Com uma composição muito precisa, as imagens apresentam um design forte e esquemas de cores específicos, que fazem com que muitos dos motivos pareçam artificialmente aprimorados. O elemento humano surge de forma ocasional e, quando isso acontece, o que vemos são cientistas e pesquisadores no centro de um cenário. As imagens têm uma aspecto neutro e visam despertar a atenção para mundos estranhos. Consequentemente, Locatelli vê a sua série como um convite aberto à reflexão sobre o futuro do mundo. A sua convicção é a de que o progresso real e o desenvolvimento sustentável só serão possíveis com um impacto mínimo sobre o meio ambiente.
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