EXPOSIÇÃO: “Aula do Visível”
Colecção Ilídio Pinho
Curadoria | Miguel von Hafe Pérez
Edifício Abel Salazar – Universidade do Porto
11 Fev > 31 Mai 2025
Para além da formação técnica e científica dos profissionais do futuro, é também dever de uma instituição de ensino promover a disseminação da reflexão cultural e do pensamento crítico, contribuindo, desta forma, para ampliar a dimensão ética da instrução que pretende proporcionar aos alunos, para que saibam imaginar um melhor futuro. Esta premissa leva-nos ao encontro de “Aula do Visível – Obras da Coleção da Fundação Ilídio Pinho”, exposição patente por estes dias no renovado Edifício Abel Salazar da Universidade do Porto, junto ao edifício histórico do Hospital de Santo António. Trata-se de uma oportunidade rara para ver de perto mais de um século de produção artística, centrada na arte moderna e contemporânea portuguesa. Recorrendo a propostas que tanto abarcam as maiores figuras da nossa cultura visual, como nomes menos reconhecidos publicamente, mas que determinaram o contexto nacional, “Aula do Visível” tem para oferecer mais de 120 trabalhos que vão da pintura ao desenho, da escultura à fotografia.
As obras expostas atravessam o panorama da arte nacional, dos primórdios da modernidade, com Columbano Bordalo Pinheiro, Amadeo de Souza-Cardoso ou Almada Negreiros, até aos novos caminhos da arte dos nossos dias, com ecos da portugalidade e de influências estéticas, artísticas, técnicas e filosóficas internacionais. Uma “aula” que nos apresenta não só a arte de Vieira da Silva ou Maria Beatriz, as artistas com maior presença na exposição, mas também as obras, entre outros, de Paula Rego, Helena Almeida, Júlio Pomar, Rui Sanches ou André Cepeda, cujos trabalhos influenciaram fortemente a arte nacional e internacional. Para além de referências da modernidade como Mário Eloy, Almada Negreiros, Sarah Affonso, Júlio Resende e Nadir Afonso, destacam-se ainda presenças pioneiras como Helena Almeida e outros nomes associados à arte abstracta, tais como Ângelo de Sousa, Eduardo Batarda, Jorge Martins, ou visionários com uma tendência alegórica ou simbólica, com destaque para Paula Rego, Álvaro Lapa, entre outros.
Integrando a exposição, há também um importante núcleo dedicado à fotografia, às novas gerações da pintura e alguns apontamentos escultóricos da autoria de artistas como Rui Sanches, Francisco Tropa, Susanne Themlitz, Miguel Palma e Miguel Ângelo Rocha. Nas palavras do seu curador, Miguel von Hafe Pérez, esta exposição permite “uma leitura por vezes inesperada de linhas de continuidade e de ruptura que se cruzam em inédita coabitação: uma Aula do Visível, portanto”. Até ao final do mês de maio, e numa das mais emblemáticas casas da Academia, a Universidade do Porto acolhe uma parte significativa da maior coleção privada de arte portuguesa. De entrada livre, a exposição abre-se inteiramente ao público nas suas mais variadas propostas artísticas, numa acção afirmativa de promoção do acesso democrático à cultura. Impossível dizer não a uma proposta desta dimensão.
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