HORA DO CONTO: “O Garimpeiro das Palavras e Outras Histórias”
Com Clara Haddad
Centro de Reabilitação do Norte
10 Dez 2024 | ter | 17:00
“Hoje, acordei a pensar em coisas diferentes.
Caminho, vejo as pessoas, sonho acordado.”
Nascida em São Paulo, Brasil, Clara Haddad tem ascendência sírio-libanesa e holandesa, carregando no seu ADN as cores quentes e os sons alegres da multiculturalidade. Impulsionada pela avó Marta, uma enorme narradora de histórias, soube desenvolver desde muito cedo o gosto pelas palavras, pela leitura e pela efabulação. Foi com ela que teve um primeiro contacto com os contos da tradição oral, dando início a um longo caminho que a leva a ser hoje uma contadora de histórias profissional. Artista visual, artista da palavra, integra a bolsa de mediadores de leitura do Plano Nacional de Leitura 2027 em Portugal e desenvolve, entre outras, actividades nas áreas da formação, biblioterapia de desenvolvimento, espectáculos e apresentações de livros e escrita para o universo infanto-juvenil, com cinco livros publicados até à data. Com o Natal a aproximar-se, foi ela a convidada da “Hora do Conto” que reuniu, no Centro de Reabilitação do Norte, cinco dezenas de utentes e profissionais de saúde da Instituição, além de acompanhantes e visitantes, todos eles desejosos de abraçar o “caminho das palavras” através da partilha de histórias sábias, afectuosas, emotivas e sentidas que Clara Haddad tão bem soube expressar.
“Era uma vez…”. É assim que começam as histórias e esta do “homem sem sorte” não podia começar de outra forma. “Era uma vez um homem e esse homem sentia-se muito infeliz porque nada na sua vida dava certo. Nada! Tudo corria mal. Tudo corria ao contrário do que imaginava. O homem ficava indignado e perguntava-se como era possível ser tão azarado”. Oriunda de um pequeno país da África Ocidental, o Burkina Faso, a história cativou a atenção de todos os presentes, não apenas pela sua essência - a busca de respostas para a sua pouca sorte, o que leva o homem a caminhar ao encontro de Deus -, mas sobretudo pela arte de contar uma história, patente nos gestos e nos olhares, na mímica, nas vozes que se desmultiplicam. E, claro, na mensagem implícita, na necessidade de olharmos a vida com olhos de ver e sabermos aproveitar as oportunidades, independentemente das circunstâncias, “porque a nossa sorte, sempre, sempre, sempre estará por aí, nalgum lugar”. A segunda história viajou desde a Coreia do Sul e falou da amizade e da partilha, da importância de sermos dois - e não apenas um - a trilhar o mesmo caminho e a olhar na mesma direcção.
“O Garimpeiro das Palavras” é o mais recente livro de Clara Haddad. Publicado há apenas um mês, foi ele o eleito para encerrar a sessão. Inspirado numa pessoa de carne e osso que soube tocar o coração da autora por se mostrar tão grato à vida e a tudo quanto ela lhe tem dado, o livro é feito de pequenos mas significativos versos que falam na importância de “sabermos ver a essência das coisas e sermos gratos por elas. Isto é o que nos torna verdadeiramente humanos, na nossa eterna busca por encantamento e esperança.” O texto tocou o coração das crianças e jovens internados na Unidade de Reabilitação Pediátrica do Centro de Reabilitação do Norte que, juntamente com os pais e com a Professora Anabela Matos, a extraordinária dinamizadora de actividades da Unidade, elaboraram um pequeno texto que o Dinis, compenetradamente, tão bem soube ler. Ouçamos o Dinis: “Por vezes saímos do nosso caminho e temos percalços. Percalços esses que nos trouxeram cá. Aqui estamos a aprender a viver de novo com as nossas novas condições e a ensinar os nossos pais a amar de novo, mesmo com as nossas dificuldades. Tal como dizes na tua história, tudo deve ser feito com amor.” Foi o ponto final perfeito numa “hora do conto” repleta de emoções, absolutamente inesquecível. Bendito e louvado, que este “post” está acabado!
Sensacional já li @teloseditora * O garimpeiro das Palavras * é muito lindo livro!!! PARABÉNS
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