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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

EXPOSIÇÃO: “150 Anos de Azulejo na Viúva Lamego”



EXPOSIÇÃO: “150 Anos de Azulejo na Viúva Lamego”
Museu Nacional do Azulejo
04 Out > 29 Dez 2024


“O azulejo é essencialmente uma presença, um brilho [...] o azulejo não se vê, mas sente-se [...] a maior parte das pessoas não vê as paredes, mas sente-as [...] isso é que é verdadeiramente importante.”
Maria Keil

No âmbito das comemorações do seu 175º aniversário, a Viúva Lamego traz ao encontro do público, no Museu Nacional do Azulejo, uma exposição representativa de um legado que transporta a nossa cultura – em particular o azulejo – do tradicional ao contemporâneo. Intitulada “Uma perspetiva do presente, uma visão do futuro”, a exposição inclui obras de vários artistas consagrados, bem como de uma nova geração de autores. Organizada pelos investigadores Rosário Salema de Carvalho e Francisco Queiroz, a exposição reflecte sobre o presente e o futuro de uma das mais importantes fábricas de Portugal, que desempenhou um papel fundamental na história da indústria azulejar nacional. A mostra integra obras de dezassete artistas, algumas das quais criadas especialmente para a ocasião e outras que já fazem parte dos portfólios dos artistas. Em conjunto, ajudam a contar a história e a marcar o património de uma casa centenária.

As obras de Bela Silva, com a peça “Batucada de Cor”, e do francês Hervé Di Rosa, com “Subaquática”, merecem destaque - estes dois nomes representam os actuais artistas residentes, herdeiros dos famosos casulos (nome das residências artísticas desenvolvidas na Viúva Lamego a partir da década de 1930). A artista plástica brasileira Adriana Varejão, que utilizava o azulejo como referência, adopta agora este material no “Azulejão”. Autores como Vhils, Kruella d’Enfer, Tamara Alves e Add Fuel introduzem a cultura urbana contemporânea na azulejaria. O artista suíço Noël Fischer explora um percurso artístico iniciado com as peças Rede, enquanto Manuela Pimentel explora um jogo ilusório de múltiplas dimensões. Rita João/Estúdio Pedrita recupera azulejos industriais da segunda metade do século XX. Entre os artistas com obra consolidada e que colaboraram recentemente com a Viúva Lamego contam-se ainda a ilustradora francesa Henriette Arcelin, o designer francês Noé Duchaufour-Lawrance e o coletivo Oficina Marques, constituído pela dupla de criadores Gezo Marques e José Aparício Gonçalves.

Contar a história da Viúva Lamego é contar a história do azulejo Português. Fundada oficialmente por António da Costa Lamego em 1849, a fábrica laborou durante 127 anos no Intendente. Inicialmente oficina de olaria, viria a converter-se em fábrica, adoptando a denominação Viúva Lamego quando a mulher de António Lamego assumiu a sua gestão, na sequência da morte do marido, em 1876. Nos primeiros tempos, a fábrica produzia sobretudo artigos utilitários em barro vermelho, azulejos em barro branco e alguma faiança. Com a chegada do século XX, o azulejo tornou-se o principal produto da Viúva Lamego, já então uma fábrica virada para os artistas, com ateliers de trabalho que colocava à sua disposição. Nos anos 1930, a componente industrial foi mudada para a Palma de Baixo e em 1992 foi transferida para a Abrunheira, em Sintra, onde se concentra atualmente a fábrica, loja de fábrica e showroom. É a fidelidade ao passado, com técnicas de produção artesanal, e o olhar o futuro, com o desenvolvimento constante de novas abordagens e técnicas, que a exposição põe em evidência, dando a conhecer o património de uma marca centenária, bem como a sua projeção e importância na cultura cerâmica portuguesa. Para ver até ao final do ano.

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