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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Relevos e Brumas - Serra do Gerês”



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Relevos e Brumas - Serra do Gerês”,
de Mário Cunha
AMBID - Ambiente Imagens Dispersas 2024/25
Associação Juvenil Amigos do Cáster
Centro de Artes de Ovar
07 Dez 2024 > 07 Mar 2025


O Ambiente Imagens Dispersas está de regresso à cidade de Ovar, trazendo com ele o habitual Concurso de Fotografia, um sempre enriquecedor “CICLOne de Conferências”, Oficinas de Fotografia e de Educação Visual e Ambiental e as muito apreciadas Exposições de Fotografia de Natureza. É nestas que “Relevos e Brumas - Serra do Gerês” se inscreve, oferecendo um conjunto de imagens que, para além de celebrarem a beleza sublime das paisagens do nosso único Parque Nacional, são também uma janela para as aventuras, esforço e dedicação do fotógrafo de natureza Mário Cunha a um projecto que envolve uma ligação íntima com o meio natural que procura retratar. Composta por quase duas dezenas de fotografias, a mostra brinda o visitante com uma profusão de elementos naturais de enorme beleza, realçados pelo engenho e arte de Mário Cunha, exímio na forma como sabe tirar partido da luz e da cor para melhor destacar os objectos da sua atenção. Das estranhas formas que se abrigam num bloco rochoso ou nos ramos de uma árvore, à magia de um bosque envolto em nevoeiro, ao ruído da água que se despenha de uma cascata ou a um esplendoroso pôr do sol, passeamos o olhar demoradamente pela riqueza de imagens que se nos oferecem, percebendo o quão resiliente e harmoniosa a natureza pode ser perante ameaças de toda a ordem que sobre si pesam.

Chamado a abrir as duas sessões vespertinas do “CICLOne de Conferências”, Mário Cunha falou de si e da relação com a natureza, partilhando um conjunto de experiências que estão na base dos seus registos. Na primeira intervenção, intitulada “Ritmos e emoções na paisagem natural”, o fotógrafo falou das suas incursões no Parque Nacional dos Picos da Europa, na vizinha Espanha, em locais como a zona do refúgio de Vega de Ario, o canal de Trea ou o maciço de Cornión. Visitados pela primeira vez em 2021, os Picos da Europa permitiram a Mário Cunha aperfeiçoar a relação “pessoa - natureza - fotografia”, graças a uma melhor compreensão da interacção dos elementos naturais entre si e destes com o homem. “Tendemos a ver as árvores como algo estético, mas não. Olhando com atenção, percebemos que não estão paradas, que interagem entre si e com o espaço em volta”, refere, dando como exemplo os bosques milenares da região de Sajambre, o dramatismo dos seus cenários, as “barbas do diabo” que pendem dos ramos das suas árvores. Neste paraísos de paz e quietude, o momento pede ao fotógrafo que o aproveite. Sem a ansiedade da fotografia que deve respeitar as regras, ou a angústia de não ter a luz ideal, o floco de neve, os fotogénicos nevoeiros. Apenas a natureza a ser ela própria, com um manancial de histórias por contar.

No derradeiro dia do “CICLOne de Conferências”, Mário Cunha debruçou-se sobre “Relevos e Brumas - Serra do Gerês”, tema de uma das exposições do AMBID. De novo o carácter pessoal da fotografia, a interpretação daquilo que vemos a revelar-se algo de único e íntimo. “Quando me perguntam qual o lugar favorito do mundo para fotografar, invariavelmente a resposta é o Gerês”, confessa, lembrando ter com o Gerês uma ligação muito forte, por ter sido aqui que aprendeu a fotografar e por ser este um espaço de paz. Não sendo novo - “vindo da Noruega em 2018 quis saber onde havia montanhas em Portugal e o Gerês foi a resposta óbvia”, lembra -, o projecto de fotografar o Gerês tem-se revelado deveras ambicioso, dado que a Serra ocupa cerca de metade da área do Parque Nacional. No Vale do Homem, no Pé de Cabril, no Rio Caldo, nos baldios de Fafião ou em Pitões das Júnias, a paisagem revela-se preciosa e o desafio faz-se de histórias boas, contadas nos riachos e nas árvores de estranhas formas, nos charcos gelados e nos abrigos de montanha. Estão de parabéns os Amigos do Cáster, pelos 31 anos completados no passado dia 10 de Novembro e pelo sucesso desta 20ª edição do Encontro Internacional de Fotografia de Natureza Cidade de Ovar. A par das imagens de Mário Cunha, as fotografias a concurso, com a identificação dos vencedores nas mais variadas categorias, estão patentes na Galeria de Exposições do Centro de Artes de Ovar e podem ser vistas até ao dia 07 de Março.

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