EXPOSIÇÃO: “O Teatro Kabuki e a Estampa Japonesa: Tradição e Transição”
Museu do Oriente - Galeria Nascente
27 Set > 29 dez 2024
Vibrantes, dramáticas, provocadoras, e intelectuais - o Teatro Kabuki e a xilogravura Ukiyo-e (cuja tradução é “imagem do mundo flutuante”) são duas das formas de arte mais proeminentes do mundo. Emergiram simultaneamente no seio da cultura popular japonesa do século XVII e, durante quase trezentos anos, prosperaram em conjunto. A singularidade de cada uma é produto tanto da tradição, como da sua capacidade de adaptação. “O Teatro Kabuki e a Estampa Japonesa: Tradição e Transição” junta noventa e uma estampas Japonesas pertencentes ao acervo do Museu do Oriente, as quais retratam o Kabuki oitocentista, entre o final do Período Edo e o início do Período Meiji. Fascinantes imagens de actores, peças e camarins documentam a prolífica relação entre o palco e uma indústria massificada de xilogravuras. Uma era de transição que marca a união final destas duas práticas e que assinala a transformação do Kabuki num orgulhoso símbolo de identidade nacional. Hoje, com mais de quatro séculos de história e desde 2005 proclamado Património Cultural Imaterial da UNESCO, o Teatro Kabuki é uma arte viva e a sua popularidade intemporal. Outrora consideradas efémeras e descartáveis, os milhares de estampas Ukiyo-e sobreviventes são estimadas como uma expressão artística única e uma janela para o incrível universo do Kabuki.
O Teatro Kabuki teve a sua origem no início do século XVII nas planícies fluviais da cidade de Quioto, com as danças provocadoras e pouco convencionais de mulheres e jovens rapazes. No entanto, o palco principal para o desenrolar da sua história foi Edo, actual Tóquio, sede feudal do governo militar Tokugawa e da sua repressiva autocracia samurai entre 1603 e 1868. Neste agitado centro urbano, o Kabuki prosperou como uma expressão de música, dança e teatro, adorada pelos cidadãos comuns. Convenções de representação únicas deram vida às peças inspiradas no quotidiano, nos contos históricos, ou na ficção romântica. Foi visto pelo governo como extravagante, disruptivo e uma ameaça à ordem social, banindo as mulheres do palco, em favor de um elenco inteiramente masculino, e exilando os teatros para a periferia da cidade, perto do bairro de prazer de Yoshiwara. Em 1868, uma revolução pôs fim ao regime Tokugawa e o novo governo do imperador Meiji (r. 1868 - 1912) reconhece na popularidade inabalável do Kabuki uma ferramenta essencial para a construção de uma sociedade moderna, respeitável aos olhos de aristocratas e recém-chegados Ocidentais. Os teatros mudam-se para uma prestigiada localização central, perto do Castelo de Tóquio. Não mais ostracizado, o Kabuki foi elevado ao estatuto de teatro nacional.
Através de noventa e uma estampas e onze objectos, acervo da Fundação Oriente nunca antes exposto, “O Teatro Kabuki e a Estampa Japonesa: Tradição e Transição” destaca a fascinante relação entre a xilogravura e o teatro popular japonês. A exposição abre com um convite à experiência do teatro: cenas de peças famosas projectadas em grande escala, enquadradas pela recriação de um palco tradicional com o seu passadiço hanamachi. A partir daqui, a exposição mostra o Kabuki dentro e fora do palco, ilustrada por cartazes, trajes, perucas e outros adereços. Em seguida, explora-se a função promocional das estampas com imagens sobre o seu processo de fabrico e uma animação que identifica estampas com retratos de celebridades e de grandes clãs teatrais, cuja reputação cimentaram ao longo de gerações. Centrando-se agora no palco, a exposição apresenta cenas de peças famosas, extraídas da literatura popular e erudita, ou inspiradas na história, mitologia ou vida quotidiana. Uma selecção de estampas raras dá ainda a conhecer as particularidades da cultura teatral de Osaca, segunda grande cidade do Kabuki. A exposição termina com estampas do período pós-revolução Meiji, revelando como a tradição teatral abraçou novos temas e perspectivas, inspirados na liberdade e modernização.
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