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terça-feira, 1 de outubro de 2024

CONCERTO: Silje Nergaard com Orquestra de Jazz do Algarve



CONCERTO: Silje Nergaard com Orquestra de Jazz do Algarve
Algarve All Jazz 2024
Cine-Teatro Louletano
29 Set 2024 | dom | 17:00


Foi a 6 de outubro de 2004 que nasceu, em Lagos, a Orquestra de Jazz do Algarve. Duas décadas volvidas sobre um projecto feito de sonho, ambição, inspiração e muito trabalho, olhamos para aquilo que a Orquestra representa neste momento e percebemos o seu valor, não apenas no que nela há de compromisso com este particular género musical, mas também do que significa para toda uma região, da qual é já uma marca identitária, cativando e inspirando jovens talentos e contribuindo para a criação de novos públicos. A confirmação do valor e qualidade da Orquestra de Jazz do Algarve esteve bem patente no concerto do passado domingo, no Cine-Teatro Louletano, onde se mostrou ao lado de uma convidada especial, a norueguesa Silje Nergaard, apresentada como “uma das mais incontornáveis vozes do Jazz Europeu das últimas décadas”. Ora, quem esteve na bonita sala do Cineteatro Louletano, percebe que deve haver aqui um equívoco qualquer, já que foram significativamente distintos o concerto da Orquestra de Jazz do Algarve com Silje Nergaard e um outro, indiscutivelmente melhor, da Orquestra de Jazz do Algarve sem Silje Nergaard.

Não irei perder muito tempo com o assunto, não porque a senhora que veio do frio não o mereça, mas porque nada há que explique o inexplicável. Para mim - e creio que para todos aqueles que se deslocaram a Loulé à espera de um bom momento de jazz -, foi desanimador escutar alguém que, sem voz nem presença em palco, transformou um concerto que se pretendia de júbilo e de celebração num momento confrangedor. “God’s Mistakes” foi mesmo o único tema a salvar-se no meio de uma salganhada que meteu cassetes dos anos 80, um primeiro lugar no top japonês e até um vendedor de cocos a anunciar a mercadoria numa praia italiana. Diria que, sem dificuldade, escutaríamos mais e melhor num bar de praia ou no lobby de um qualquer hotel. De uma pobreza franciscana, as letras e as músicas só não fizeram com que o concerto fosse um inteiro fiasco, porque os arranjos da orquestra ajudaram a colmatar tanta falta de tudo. Mas sim, houve a Orquestra e, com ela, os solos inspirados do trompetista Leon Baldesberger, do trombonista André Ramalhais ou do saxofonista Luís Miguel, em temas compostos por Ferdinand Von Seebach e Johannes Krieger. Também a secção rítmica merece nota bem alta, bem como Hugo Alves, trompetista e director da Orquestra de Jazz do Algarve. A ela está o público grato por não ter perdido inteiramente o seu tempo. Parabéns e vida longa!

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