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quinta-feira, 18 de julho de 2024

CINEMA: “Horizon: Uma Saga Americana – Capítulo 1”



CINEMA: “Horizon: Uma Saga Americana – Capítulo 1” / “Horizon: An American Saga – Chapter 1”
Realização | Kevin Costner
Argumento | Jon Baird, Kevin Costner
Fotografia | J. Michael Muro
Montagem | Miklos Wright
Interpretação | Kevin Costner, Sienna Miller, Sam Worthington, Jena Malone, Owen Crow Shoe, Tatanka Means, Ella Hunt, Tim Guinee, Giovanni Ribisi, Danny Huston, Colin Cunningham, Scott Haze, Tom Payne, Abbey Lee, Michael Rooker, Will Patton, Georgia MacPhail
Produção | Kevin Costner, Mark Gillard, Howard Kaplan
Estados Unidos | 2023 | Drama, Western | 181 Minutos | Maiores de 14 anos
UCI Arrábida 20 – Sala 10
17 Jul 2024 | qua | 14:15


A ideia de filmar “Horizon” acompanhou Kevin Costner desde 1988. Na altura, o projecto não tinha a dimensão daquilo em que se foi tornando, mas acabou por gozar de uma ambiciosa visão do faroeste do seu mentor, acabando por se desdobrar numa saga épica distribuída em quatro partes. Até nós chega agora o primeiro capítulo que merece, antes de tudo o mais que possa ser dito sobre ele, um alerta veemente: Este capítulo não pode ser entendido como um filme acabado. Assim, ou se é um grande fã de coboiadas (ou de Kevin Costner) e se está na disposição de levar a “série” até ao fim, mesmo sabendo que os dois últimos capítulos só lá para o Verão de 2025 chegarão às salas de cinema, ou então o melhor será desistir da ideia. É que o capítulo inaugural é um enorme mosaico de situações as mais variadas, que mais não faz do que preparar o terreno para a grande história. Como que a aliciar o espectador para aquilo que está para vir, os últimos minutos são uma espécie de trailer onde passado e futuro se misturam e confundem. Lançado o isco ao cabo de três horas de filme sem que se possa concluir o que quer que seja, as opiniões tenderão a dividir-se: Uns dar-lhe-ão o benefício da dúvida e aguardarão pelo próximo capítulo; outros falarão em “truque”, mesmo admitindo regressar para o capítulo seguinte.

Tal como deixei implícito, o capítulo de abertura tem por objectivo preparar o cenário para o desmedido conto de Costner sobre a expansão da América para o oeste, entre 1859 e 1860, através de territórios que viriam a tornar-se no Wyoming, no Colorado ou no Kansas. O filme faz autênticos malabarismos ao entrelaçar enredos e personagens, dando a ver o avanço das caravanas em “terra de ninguém”, as árduas jornadas ao longo de trilhos recheados de perigos, os ataques dos índios que legitimamente protegem territórios ancestrais, a violência e o crime organizado que se vão instalando, a esperança dos colonos em chegarem à “terra prometida” e levantarem uma cidade chamada “Horizon”. Com meios de produção impressionantes, cenários exuberantes e sólidas interpretações, Kevin Costner coloca-nos face a uma paisagem ameaçadora, mas marcante, de fronteira inaugural. Mas com tanto terreno para cobrir em três horas desafiadoras, este primeiro capítulo não consegue alcançar a envolvência que dele se esperaria. Por enquanto, não vai além de uma vasta introdução, a sugerir recompensas maiores caso a saga consiga chegar a bom porto.

Que consequências terá para os Apaches a desavença entre os seus líderes, os irmãos Pionsenay e Taklishim? De que forma irá crescer o amor de Frances Kittredge pelo tenente Trent Gephardt? Como espera o jovem Russell vingar a morte dos pais? Será que Marigold vai voltar? Poderá o enigmático e solitário Hayes Ellison colocar alguma ordem na turbulenta fronteira? Conseguirá o capitão Matthew Van Weyden levar a vasta caravana de colonos até ao seu destino? Tarefa ambiciosa a de Kevin Costner, procurando tornar compreensível e coerente cada pedaço de história, à medida que se vão aproximando uns dos outros. Oscilando entre os destinos de colonos, soldados, pioneiros e indígenas, o filme nem sempre consegue consumar as histórias de cada um, deixando-as pela metade. Restam episódios esparsos que documentam um período de grande coragem e heroísmo, determinante na construção de uma América tal como a conhecemos hoje e fulcral na definição daquilo que se entende por “sonho americano”. Ainda que mantendo uma certa relutância em chamar “filme” a este primeiro capítulo, pertenço ao grupo daqueles que pretendem levar a saga até ao fim. Daqui a um mês voltamos a falar.

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