EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA E PINTURA: “Todos os Animais”,
de Luís Paulo Costa
Museu do Côa
11 Ago > 19 Nov 2023
Está a chegar ao fim a exposição que, no último trimestre, ocupou uma das salas de exposições temporárias do Museu do Côa. Trata-se de “Todos os animais”, obra realizada por Luís Paulo Costa entre 2020 e 2021 e que integra uma série de centena e meia de elementos. Para o seu autor, “Todos os Animais são pinturas que simultaneamente escondem e dão a ver, alicerçadas num território pictórico nada alheio a questões relacionadas com a imaginação e a representação. Imagens pintadas das minhas mãos a tocarem uma na outra, na tentativa de produzir a silhueta de um animal na sombra que estas projetam na parede.” De um ponto de vista técnico, para que melhor se compreenda aquilo que nos é dado a ver, inicialmente são fotografadas as mãos do artista, conduzidas mais pela intuição do movimento e fortaleza do que pela intenção de captar figuras precisas. Posteriormente, são impressas e recebem cor – sempre em derivações de cinzento.
Entramos na sala e o olhar é atraído pelo alinhamento de sessenta e cinco quadros dispostos ao longo das enormes paredes da sala. São mãos e, individualmente ou em união de esforços, adoptam o gesto cuja sombra possa corresponder à silhueta de um animal projectada na sombra da parede. Não há dois gestos iguais, como não há aqui animais. As sombras foram obliteradas da imagem, quedando-se apenas o movimento congelado num disparo, as mãos como que ensaiando uma dança – tocando-se e encostando-se, sobrepondo-se e agarrando-se. Levemente ou com firmeza. Esvaziadas do seu propósito, do sentido do seu emaranhar, as mãos recebem enfim a atenção que merecem, sujeito e objecto que são das suas próprias pulsões – do desejo, do entrelaçamento dos corpos, das suas temperaturas, sem recurso à linguagem verbal.
O trabalho de Luís Paulo Costa estende-se a outra sala do museu, onde se expõe um conjunto de pinturas a óleo, na sua maioria inéditas. São pinturas que, como refere o artista, “contam histórias, revelam uma narrativa sem princípio nem fim declarados”, na busca da construção de um diálogo entre elas, “onde o que é dito tem a mesma relevância daquilo que fica por dizer.” Com estas obras há o convite implícito a “ouvir o silêncio, escutar as imagens que as pinturas mostram, olhar para as coisas com tempo, sem pressa, devagar, escutar o que as pinturas querem dizer.” Luís Paulo Costa nasceu em Abrantes, em 1968, e iniciou o seu percurso expositivo no final da década de 1990. O seu trabalho está representado em várias coleções públicas e privadas, tanto em Portugal como no estrangeiro. Para ver até ao próximo domingo.
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