CINEMA: “A Noite do Dia 12” / “La Nuit du 12”
Realização | Dominik Moll
Argumento | Gilles Marchand, Dominik Moll
Fotografia | Patrick Ghiringhelli
Montagem | Laurent Rouan
Interpretação | Bastien Bouillon, Bouli Lanners, Théo Cholbi, Johann Dionnet, Thibaust Evrard, Julien Frison, Paul Jeanson,Mouna Soualem, Pauline Serieys, Lula Cotton-Frapier, Charline Paul, Matthieu Rozé, Baptiste Perais, Jules Porier, Nathanaël Beausivoir
Produção | Caroline Benjo, Barbara Letellier, Carole Scotta
França | 2022 | Crime, Drama, Mistério | 115 Minutos | Maiores de 12 anos
Vida Ovar
25 Nov 2023 | sab | 13:00
A Polícia Judiciária francesa tem, anualmente, oitocentos homicídios para resolver, dos quais cerca de 20% acabam por ser arquivados sem que os seus autores sejam encontrados. É com a partilha destes dados que o filme começa, acrescentando que a história que estamos prestes a assistir pesa no lado da balança reservado aos insucessos. Ao mergulharmos no filme, vamos percebendo que, independentemente da falta de meios materiais e humanos que constituem um entrave à resolução de cada caso, bem como à possível inépcia geral da polícia francesa no seu todo, o que parece irrefutável é o facto de haver um número significativo de criminosos que escapam literalmente impunes. É o caso do assassino da jovem Clara Royer que, na noite do dia 12 de outubro de 2016, na cidade alpina de Grenoble, a intercepta num jardim a meio da noite, quando ela acaba de sair de casa de uma amiga e se dirige para casa. O corpo será descoberto horas mais tarde, horrivelmente queimado.
O capitão Yohan Vivès (Bastien Bouillon) acaba de assumir o comando do departamento de homicídios da esquadra local e uma das suas primeiras incumbências será a de informar os pais, tarefa que virá a revelar-se particularmente dolorosa. Ele e a sua equipa têm então de se concentrar no trabalho que têm em mãos: descobrir o assassino. Mas sem nenhum assassino óbvio entre os suspeitos que se vão prefigurando, cedo se percebe que este será um caso que não será facilmente resolvido. Embora não se trate de um caso real, o filme de Moll baseia-se num conjunto de factos que, infelizmente, ocorreram. “A Noite do Dia 12” não é essencialmente sobre o assassínio, indo muito mais longe nas suas premissas: É um filme que analisa os detectives no meio do processo e a forma como lidam com o dia a dia de uma investigação. E se o princípio dos trabalhos é marcado pelo optimismo, os momentos seguintes serão de fracasso e frustração, com um impacto negativo a todos os níveis, nomeadamente na saúde mental de alguns membros da equipa.
Estreado na edição de 2022 do Festival de Cannes e grande vencedor da última edição dos prémios Cesars, onde alcançou seis galardões, “A Noite do Dia 12” aceita correr o risco de desvendar o final à partida, sem com isso abdicar da sua dimensão de “thriller”. Dominik Moll faz questão de instilar um modelo padrão para o género, oferecendo uma série de suspeitos e respectivos interrogatórios que servem de alimento à curiosidade do espectador. Mas à medida que vão sendo apresentados, mais vai crescendo a sensação de que todos e cada um deles poderá ser o verdadeiro assassino. Pode não ser aquele género de thriller policial, sombrio e corajoso, que resulta em longas sequências de perseguição e algumas cenas gráficas de violência, mas realça o pesado fardo que advém do facto de se ter a responsabilidade de resolver os crimes mais graves que vão preenchendo a agenda mediática de uma parte importante da comunicação social e marcam, de forma indelével, o nosso quotidiano.
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