EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Non technological devices”,
de Chloé Milos Azzopardi
Encontros da Imagem de Braga 2023
Museu Nogueira da Silva
16 Set > 28 Out 2023
Existirão alternativas a um mundo hiper-artificial e tecnológico? “Non technological devices”, da fotógrafa e artista visual francesa Chloé Milos Azzopardi, vem dizer-nos que sim. Pesquisa poética sobre a nossa necessidade ancestral de imaginar o futuro, esta série concentra um universo composto por objetos futuristas, instrumentos feitos a partir de elementos naturais, recolhidos e montados de forma a imitar os artefactos tecnológicos que povoam o nosso quotidiano. Entre produções rudimentares e criações de ficção científica, estes objectos apresentam-se como um espelho das nossas fantasias de futuro, difíceis de conciliar. São ciborgues orgânicos, artefactos inventados cuja utilização permanece desconhecida. As suas formas são-nos familiares, no entanto projectam-nos para outros imaginários. Outros mundos onde o corpo e o espaço interagem de forma diferente. Onde o equilíbrio entre nós e os que nos são próximos, entre o que é humano e o que não é, pode ser reescrito.
A incongruência destes dispositivos não tecnológicos - extensões do corpo e obstáculos ao mesmo tempo - levanta questões sobre a nossa relação com a tecnologia, a natureza e a nossa propensão inata para criar. Qual poderia ser a iconografia de uma auto-defesa ecológica? Poderemos explorar outras formas de coexistência com o ecossistema? Seremos capazes de deixar de ver a terra como um recurso ao nosso serviço? Com esta série, Chloé Milos Azzopardi usa a transformação e o desvio poético que existe entre os artefactos criados e o progresso tecnológico para questionar a nossa relação com os seres vivos e com o desaparecimento dos “recursos” naturais utilizados na produção dos componentes dos nossos instrumentos de alta tecnologia. A artista pretende produzir novos desejos, gerar imagens que possam expandir a nossa imaginação. É assim que se juntam os auscultadores VR, as antenas de satélite, os exoesqueletos e os artefactos inventados, cuja utilização está ainda por imaginar.
Chloé Milos Azzopardi [https://www.chloemilosazzopardi.com/] é uma fotógrafa francesa que vive e trabalha entre Paris e a cadeia montanhosa catalã de Montserrat. Prefere os projectos a longo prazo, misturando fotografia, performance e instalação. Interessa-se particularmente pela saúde mental, pela etologia e pela construção de um futuro imaginário, longe da nossa era atual. Na intersecção de fotografia experimental e documental, as suas imagens criam mundos ficcionais, nas quais a sensibilidade e a estranheza são exacerbados. Foi premiada recentemente com o prémio "New writings of environnemental photography" no La Gacilly Festival e foi residente na Villa Perochon durante os encontros da jovem fotografia internacional com Joan Fontcuberta. O seu trabalho tem sido publicado em revistas como a NYTimes, o British Journal of Photography, a Fisheye ou a Ignant, e expôs no Łódź Fotofestiwal, na Fisheye Gallery, no Athens Photo Festival e no InCadaqués, entre outros grandes festivais de fotografia do mundo.
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