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sábado, 15 de julho de 2023

CINEMA: Shortcutz Ovar Sessão #74 | Festa dos Premiados 2022


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CINEMA: Shortcutz Ovar Sessão #74
Festa dos Premiados 2022
Apresentação | Tiago Alves
Escola de Artes e Ofícios
14 Jul 2023 | sex | 21:30


Ponto final na sexta temporada do Shortcutz Ovar. Com sessão esgotada, a Festa dos Premiados 2022 fez-se de entusiasmo e animação, mas também de ansiedade e emoção, ou não estivesse em causa a revelação daqueles que foram os filmes vencedores da temporada. Uma temporada atípica, que viu adiada a sua primeira sessão devido a nova investida do Coronavirus e que, por isso mesmo, arrancou mais tarde que o habitual. O caminho, recorde-se, foi clareando sessão após sessão, acabando por se abrir nos sorrisos de todos com o cair das máscaras, momento verdadeiramente marcante que assinalou o final da pandemia e que o programador e apresentador do Shortcutz Ovar Tiago Alves fez questão de recordar ao entrar em palco de máscara. Pleno de significado, o gesto foi acompanhado de palavras que, acima de tudo, vincaram a resiliência dos promotores e programadores do certame, a coragem e gratidão de um público que nunca deixou de estar presente e, finalmente, a entrega daqueles que se desafiam para levar por diante o sonho de fazer cinema e que, apesar das adversidade, têm para oferecer verdadeiras pérolas que os espectadores abraçam com admiração e fascínio.

Fazendo um resumo muito breve daquilo que foi a sexta temporada do Shortcutz Ovar, lembre-se que a selecção oficial competitiva contou com vinte e quatro curtas metragens, repartidas por oito sessões que se estenderam de Março a Novembro. Em competição estiveram quinze ficções, duas docuficções, três documentários e quatro filmes de animação. Um terço dos filmes correspondeu a primeiras obras. Apesar da sua baixa representatividade, foi no cinema de animação que se concentraram as primeiras atenções desta noite de festa, com o filme “Kumaru”, de Patrícia Santos, Tânia Teixeira e Bruno Maravilha a receber o Prémio de Melhor Primeira Obra. A produtora Joana Gusmão, o encenador Leandro Ribeiro e actriz Mia Tomé, os três elementos do Júri, renderam-se à “simplicidade e beleza” de um filme que é “uma pequena ode ao exímio trabalho de artesanato da animação”. Animação que voltou a estar em foco com a atribuição do Prémio Melhor Animação ao filme de Paulo Patrício, “O Teu Nome É”. Curta-metragem documental de imagem animada que se debruça sobre o brutal assassínio de Gisberta Salce Júnior, o filme aborda “de forma certeira, temas e conceitos como a memória, a condição social, a discriminação e a identidade de género”, aspectos que o Júri fez questão de salientar.

Figura fundamental na dinâmica do Shortcutz, o público acaba por ter um papel fundamental na atribuição dos Prémios ao ser chamado a eleger o seu favorito. São os votos que entram na pequena urna no final de cada sessão que determinam o Prémio do Público, um prémio baseado numa escolha “a quente”, tantas vezes fruto da emoção do momento, um prémio onde o coração pesa, quase sempre, mais do que a razão. Na escolha deste ano, porém, razão e coração parecem estar em perfeito equilíbrio, já que “O Lobo Solitário”, de Filipe Melo, é realmente um extraordinário filme. Tratando de forma clássica um tema tão actual, nele se concentram “um argumento sólido, preciosos pormenores técnicos e uma superior interpretação de Adriano Luz, guiando o espectador até à linha de fronteira que separa a verdade da mentira”, conforme pode ler-se no belíssimo catálogo produzido para o evento. Com o Prémio Especial do Júri foi distinguido “Tchau Tchau”, um filme de Cristèle Alves Meira filmado em plena pandemia e que testemunha as vivências de quem teve de lidar com o afastamento e com a doença e a morte dos seus entes-queridos. Um Prémio que o Júri decidiu atribuir para não deixar passar em claro “a curta realizada em pandemia que melhor caracteriza esse período das nossas vidas”.

Para o final ficou o galardão mais apetecido, aquele cujo anúncio era aguardado com a maior das expectativas. Nos breves instantes que antecedem a revelação do grande vencedor da temporada, há um filme a rodar em alta velocidade nas nossas cabeças. As memórias levam-nos ao encontro da presença impactante de Diana (“Luz de Presença”, Diogo Costa Amarante), da dolorosa ausência de Gisberta (“O Teu Nome É”, Paulo Patrício), da gravidérrima Carla à porta da cadeia (“Chama-se Carla”, Cátia Biscaia), da pequenina Lua Michel (“Tchau Tchau”, Cristèle Alves Meira), de um radialista encurralado (“O Lobo Solitário”, Filipe Melo), de um carneiro em liberdade (“O Que Resta”, Daniel Soares), de quem não consegue fazer o que quer (“Sobrevoo”, Ruben Sevivas), de uma mulher numa festa de amigos (“We Won’t Forget”, Edgar Morais e Lucas Elliot Eberl), das danças dos caretos (“Musgo”, Alexandra Guimarães e Gonçalo L. Almeida), duma casa num ferro-velho (“Yard Kings”, Vasco Alexandre) ou de um urso que uns viram e outros não (“Oso”, Bruno Lourenço). “Oso” acabou por ser o filme eleito pelo Júri para o Prémio Melhor Curta, num processo de escolha onde terá pesado o “retrato de uma comunidade rural, passeando entre a realidade e o mito”. O Júri não terá tido tarefa fácil e o público manifestou alguma surpresa, não sendo tão efusivo nos aplausos como em anteriores momentos da noite. A sessão encerrou com a visualização do filme, seguindo-se a música de Isa Leen e DJ Set Mr. Wolf, num “after party” saboroso e descontraído. O Shortcutz Ovar regressa em Setembro. Até lá, boas férias!

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