LUGARES: Museu Nacional dos Coches
Praça Afonso de Albuquerque, Lisboa
Horários | De Terça-feira a Domingo, das 10:00 às 18:00 (encerrado às segundas-feiras e feriados
Ingressos | Bilhete normal € 8,00
Website | https://www.museudoscoches.gov.pt
O Museu Nacional dos Coches ocupa um espaço privilegiado, num polígono geográfico onde cabem o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, o MAAT, a Central Tejo e o Museu Nacional de Arqueologia, entre outros. Projectado por Paulo Mendes da Rocha, detentor de um Pritzker, e inaugurado em Maio de 2015, o Museu surge em Belém como um equipamento cultural mas também como um lugar público que ocupa uma área onde estavam situadas as antigas Oficinas Gerais do Exército. Mais que um museu, o projecto funciona como uma infraestrutura urbana, que oferece “espaço público” à cidade e vem dar resposta à necessidade de aumentar a área expositiva do museu e da sua infraestrutura técnica de apoio, e de criar novas valências para o público deste que é um dos museus mais visitados do país.
Subindo ao primeiro piso e entrando no vasto pavilhão principal, o visitante é tomado pelo assombro. Estamos perante uma colecção excepcional e única no mundo de viaturas reais, ricamente ornamentadas, dos sécs. XVII ao XIX (coches, berlindas, carruagens, seges, liteiras, cadeirinhas), utilizados pela Corte portuguesa e outras Cortes europeias, pelo Patriarcado de Lisboa e casas nobres de Portugal, até ao aparecimento do automóvel. O raro exemplar do coche de viagem de Filipe II e os três monumentais coches que integraram a sumptuosa embaixada enviada por Portugal ao papa Clemente XI em Roma (1716), com iconografia em talha dourada glorificando os Descobrimentos, são algumas das peças mais notáveis desta incomparável mostra. A colecção reúne ainda um significativo conjunto de arreios de cavalaria, fardamentos de gala e de serviço aos coches, um núcleo de armaria e acessórios de cortejo setecentistas e os retratos a óleo dos monarcas da Dinastia de Bragança.
A ostentação e o luxo que aqui se mostram podem colocar o visitante perante um verdadeiro dilema. Como sentir admiração quando são tantos e tão evidentes os sinais exteriores de riqueza de monarcas e nobres, com as boas graças do clero? É do povo a arte e o engenho que deu azo ao surgimento de tão extraordinárias peças e é perante ele que me curvo, perante toda essa massa anónima de pessoas que, com o seu trabalho e esforço, a troco de tostões, fez com que obras destas vissem a luz do dia. Às malvas com o Infante D. Francisco e com a D. Maria Francisca Benedita, com os Condes da Ericeira e com o Papa Clemente XI, com todas as Infantas e todos os Meninos de Palhavã. É o trabalho de carpinteiros, marceneiros, estofadores, serralheiros, correeiros, pintores, escultores e demais obreiros e artífices que aqui se revela em toda a sua dimensão. Louvar o seu labor e, dessa forma, render-lhes uma justa homenagem, justificará a visita.
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