LUGARES: Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva
Praça das Amoreiras, 56 – Lisboa
Horários | Terça a domingo, das 10:00 às 18:00. Encerra às segundas e feriados
Ingresso | Bilhete normal € 7,50
Website | https://fasvs.pt/
Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, que tutela o museu com o mesmo nome, tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas. Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do Governo da altura, António Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia. Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados entre 1940 e 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.
O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado a 3 de novembro de 1994, no edifício da antiga Fábrica de Tecidos de Seda, na Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de ligação de amizade. Ao escolher este imóvel, a pintora desejava que as características do lugar fossem preservadas e que, após a adaptação a Museu, prevalecesse uma atmosfera discreta e simples, quase monástica. Vieira da Silva acreditava que a sobriedade do espaço era essencial para propiciar a fruição da sua pintura e, nesse sentido, o despojamento do imóvel pre-existente adequava-se plenamente à forma como idealizava o ambiente museológico. Assim, o projecto de arquitectura procurou corresponder à intenção da artista de conservar a simplicidade do lugar, alterando minimamente os edifícios originais.
As obras de remodelação foram custeadas pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação. A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992). Através das portas de vidro, entra-se no átrio principal do Museu, ponto de partida para todos os percursos de visita. Organizado em torno de um núcleo central com duplo pé-direito, que reinventa a memória do antigo alçapão, o átrio proporciona a comunicação entre os dois pisos do edifício pombalino e a nave industrial dos anos 1920. Esta primeira vista da galeria a partir do átrio evoca o quadro de Vieira da Silva Atelier Lisbonne (1934-35) que, de acordo com o arquitecto Richard Clarke, serviu de tema para a concepção do espaço. Subindo a escadaria, num percurso pontuado por um patamar intermédio, em que se encontram expostos alguns quadros de Arpad e Vieira, chega-se à galeria principal, instalada no antigo armazém e consagrada à colecção permanente.
Era desejo de Maria Helena Vieira da Silva que as suas obras fossem expostas lado a lado com as de Arpad Szenes. Esta premissa condicionou toda a proposta museográfica e, embora os arquitectos tenham optado por criar duas zonas distintas na galeria principal, a separação entre os núcleos dedicados a cada um dos pintores é subtil. Atravessando o corredor paralelo à galeria, o circuito expositivo prossegue através das salas situadas no primeiro andar da antiga Fábrica. Nos dois pisos principais, a luz natural proveniente das janelas sobre a Travessa da Fábrica dos Pentes, acentua o efeito perspéctico e cenográfico do corredor, conferindo-lhe uma identidade arquitectónica própria que, por momentos, lembra a ilusão de profundidade de alguns espaços representados na pintura de Vieira da Silva. No final do percurso museográfico, o visitante regressa ao piso térreo, onde se situa a cafetaria. Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.
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