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quinta-feira, 7 de julho de 2022

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Cabral Pinto. 75 Anos | Olhar o Tempo no Futuro Que Passa”


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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Cabral Pinto. 75 Anos | Olhar o Tempo no Futuro Que Passa”,
de Cabral Pinto
Museu Municipal de Espinho
18 Jun > 02 Set 2022


“Em Tudo Havia Beleza”. Afirmativa, a frase fui “roubá-la” ao título de um livro de Manuel Vilas ao ver-me rodeado de tanta cor, vida e alegria. De tanta beleza. O espaço é o das galerias Amadeo de Souza-Cardoso, do Museu Municipal de Espinho, e os trabalhos são de Cabral Pinto, artista visual e interventor cultural, nascido em Espinho há três quartos de século. Num convite a “olhar o tempo no futuro que passa”, Cabral Pinto desafia-nos a mergulhar nesta “espécie de antologia que, não sendo uma retrospectiva fechada, propõe uma visão reflexiva sobre a produção artística pessoal de mais de cinco décadas”. Aceitemos o convite e partamos à descoberta. O tempo que se segue será de prazer e deleite, a começar pela visão do trabalho dos artistas Fernando Saraiva, Manuel Porfírio, Sá Coutinho e Sobral Centeno, quatro ilustres convidados cujos trajectos de vida e na estória da criação artística e intervenção sociocultural se fundem com o de Cabral Pinto, num brinde à amizade e à cumplicidade.

Organizada em torno de quatro núcleos relativamente autónomos - obras iniciais e da juventude, obra gráfica, obras da maturidade e da actualidade e projecto “As Burkas” -, a exposição revela uma sólida unidade estética e formal, permitindo que o nosso olhar flua sem sobressaltos. É tempo de nos dedicarmos àquelas figuras que, aos pares ou em pequenos grupos, nos observam a partir da tela e dialogam connosco. Sorridentes, tagarelas, acenam-nos e piscam-nos o olho, ou então fazem uma careta e deitam-nos a língua de fora, mesmo que os seus olhos, a sua boca ou o seu nariz se mostrem ausentes nos rostos alongados. Falam connosco mas pressentimos que falam também entre si, sobre o seu quotidiano, o que trazem vestido, os planos para o almoço, o que ouviram dos outros e o que pensam de si próprias, de como será o dia de amanhã. À sua volta há frutos a amadurecer nas árvores, girassóis que crescem em vasos e pássaros coloridos a sobrevoar o Canal da Mancha.

É uma felicidade poder descansar o olhar nestes trabalhos de Cabral Pinto e desfrutar de formas tão belas e harmoniosas, vibrantes de expressividade, pródigas de sedução e fascínio. No colorido de cada pincelada, é todo um mundo de sonho e fantasia que se abre à nossa imaginação. No ondulado de cada linha, há gente de carne e osso, gente como nós, que vive e sente e ama e sofre. Com facilidade nos perdemos em cada quadro, tão intenso é o seu apelo, tão quente e acolhedora a sua mensagem. Uma mensagem que é um afago aos sentidos e que nos vem dizer que a vida, com todo o seu manancial de promessas e desejos, carece de ser vivida intensa e apaixonadamente. Se tiver uma oportunidade de dar um pulo a Espinho, diria que esta é uma exposição imperdível. Pode, inclusivamente, fazer um extraordinário “dois em um” e visitar, no mesmo espaço, um conjunto de trabalhos fotográficos de enorme qualidade e sentido com assinatura de Lauren Maganete. De que está à espera?

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