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quarta-feira, 29 de junho de 2022

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: "Improviso à Sombra das Camélias"


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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “Improviso à Sombra das Camélias”,
de Maria Rosas
Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas
04 Jun > 02 Jul 2022


“O cenário desta exposição, a Cooperativa Árvore, remete à história da outrora Quinta das Virtudes com as suas exóticas camélias, apresentadas em 1865 na exposição internacional, no Palácio de Cristal, por José Marques Loureiro. Para além de todas as influências de mestres que adoro, de Klimt a Cézanne, passando por Júlio Resende e Kandinsky, este improviso fala de contemplação e simplicidade. Como a descoberta de um detalhe nos pode trazer memórias e preencher a alma. E o improviso flui, nem que seja sob a doce sombra das camélias”.

Escrito por Maria Rosas para a exposição que, até ao final da semana, pode ser vista na Cooperativa Árvore, o texto acima oferece-nos duas ou três pistas que importa explorar. Começando pela contextualização histórica e pelo magnífico espaço onde esta exposição está patente, é com emoção que percebemos a subtil ligação entre o dentro e o fora, os motivos vegetais que ressaltam da tela e as as árvores de flores intensas e vivas que, com as suas cores matizadas e suaves aromas, se projectam nos jardins da casa e se estendem a perder de vista. Partir à descoberta da árvore mais florida, da folha mais lustrosa, da flor mais delicada, é um exercício de prazer e fascínio que encontra eco nos motivos que espreitam em cada uma das telas, nos gradientes de luz, na exuberância da cor, no emaranhado das formas, na subtileza do traço. É nelas que percebemos a elegância e o brilho à superfície de uma pétala, no denteado de uma folha, na perfeição de uma gota de orvalho, nos efeitos do tempo e das estações que se sucedem.

Maria Rosas fala-nos de contemplação e simplicidade, de detalhe e improviso. E de memória, aqui a poderosa argamassa que permite ligar o todo com a força da beleza. Só por uma vez me tinha cruzado com o trabalho da artista, numa colectiva de excelente memória. Mas a memória a que Maria Rosas se refere no seu texto é a que remete para um tempo muito lá atrás, o caderno pautado à minha frente a encher-se de curvas e linhas desenhadas a bic laranja, que se avolumavam até não caberem mais na página. Não representando nada, nelas se abria o mundo todo, de sonho e fantasia feito. A artista fala-nos igualmente de Klimt e Cézanne, de Júlio Resende e Kandinsky. Directa ou indirectamente, as suas influências percebem-se nas composições construídas a partir do detalhe. Minuciosamente desenhadas, as pequenas construções vão crescendo quase aleatoriamente, como a planta que brota da terra e parte em busca de um caminho feito de luz. De todos os mestres citados, talvez seja Klimt aquele que se mostra mais presente. Talvez seja também por isso que eu gosto tanto de Maria Rosas. Talvez!…

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