EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Livros de Imagens”,
de Ulrike Ottinger
Doclisboa 2021
Museu do Oriente – Lounge Piso 0
21 Out 2021 > 14 Nov 2021
Convidada de honra da 19ª edição do Doclisboa, Ulrike Ottinger esteve presente no Festival para acompanhar a retrospectiva integral inédita da sua obra, apresentada na sua maioria em cópias restauradas. Aos 79 anos, com mais de duas dezenas de filmes no currículo, a realizadora alemã é reconhecida pela singularidade da sua obra e pela aproximação a contextos tão variados quanto o Novo Cinema Alemão, o feminismo, o movimento queer ou o pós-colonialismo. A par dos seus filmes, Ottinger produziu um extenso trabalho fotográfico que navega entre o surrealismo e a etnografia. Foi nesse contexto que o Doclisboa apresentou, em colaboração com o Museu do Oriente, uma exposição de fotografias tiradas nas viagens da cineasta por territórios como a Europa de Leste, os Estados Unidos, a Mongólia e a China.
O caminho de Ulrike Ottinger no Cinema tem início no início dos anos 70 do século passado e, ao longo das décadas seguintes, viaja pelo mundo, interpretando-o através das suas lentes, numa síntese radical entre a mitologia, a ilusão e o realismo. Tratando, com o mesmo entusiasmo e empenho, o cinema e a fotografia, Ottinger preparou “livros” de materiais visuais e textos recolhidos que serviram de guias para as filmagens. Ferramentas que a ajudaram a explicar a sua visão àqueles que filmou. Fixas ou em movimento, as imagens de Ottinger são um diálogo através de línguas e culturas. Foi isso que puderam constatar aqueles que tiveram a oportunidade de visitar a exposição e apreciar dezoito belíssimas imagens, a mais antiga datada de 1975 e a mais recente - “Mr. Nakataya Bleaches the New Crepe Fabrics”, que ilustra este texto - de 2011.
A exposição que esteve patente até ao passado dia 14 de Novembro incluiu uma série de fotografias criadas, na sua maioria, em paralelo com a produção dos filmes de Ottinger. Estas variam entre composições teatrais surrealistas e retratos etnográficos, habitando o espaço liminar entre a ficção e o documentário. Os territórios representados são diversos, mas é estabelecida uma especial ligação com a China e a Mongólia, países onde a realizadora fez diversas incursões, a partir das quais produziu um vasto trabalho fílmico e fotográfico. Em estreita relação com algumas destas fotografias, o Museu do Oriente foi igualmente palco da exibição das obras “Taiga” (1991–92) e “China. The Arts – The People” (1985). Uma exposição de enorme qualidade e significado que, apesar de ter já terminado, merece uma referência neste espaço.
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