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terça-feira, 13 de julho de 2021

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Gente que Voa" | Pedro Mesquita


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Gente que Voa”,
de Pedro Mesquita
Centro Português de Fotografia
05 Jun > 08 Ago 2021


Numa viagem por algumas das minhas mais gratas memórias, recuo aos tempos da infância e às intermináveis férias grandes onde o destino era, invariavelmente, o Furadouro. Aí chegado, a aventura não se encontrava no mar, antes nas dunas, altivas barreiras interpostas entre o intenso azul do Atlântico e o vasto verde da floresta, que me empenhava em escalar com determinação e perícia. Enormes colossos de areia, as dunas constituíam um duplo desafio, não só pela sua imponência mas também porque saltar do alto para o seu dorso exigia concentração e coragem. Se valia a pena o esforço? Claro que valia. Aquele voo era um exercício de liberdade único, o estômago a colar-se à boca numa queda livre que parecia não mais ter fim, a emoção do salto mais longe, do voo mais largo, das conversas com outros como eu onde se misturavam a vertigem da velocidade com a vontade de ser piloto de automóveis ou de aviões “um dia, quando for grande”.

“Gente que voa”, conjunto de imagens do fotógrafo portuense Pedro Mesquita, remete para esses tempos da infância, tempos de uma liberdade infinita, onde a única regra é ser feliz. São espontâneos de uma enorme beleza, onde transparece a verdade de cada um dos retratados em busca de sonhos tornados realidade. Da bola de sabão que enquadra o rosto de uma criança como se de um capacete de astronauta se tratasse, às acrobacias em plena areia, dos saltos para o Douro à vertigem em cima de um skate ou nas asas de um trapézio, é de liberdade e de sonho que o artista nos fala, acordando a criança que há em cada um de nós e oferecendo-nos, mesmo que só por um breve instante, a possibilidade de voltarmos a sorrir.

Num corpo que se enrola sobre si próprio ou nuns braços que se abrem como asas, há toda uma vontade de estreitar o mundo num abraço. Pedro Mesquita mostra-o bem, nesta viagem ao encontro de “gente capaz de sonhar, e de fazer sonhar, até mesmo num dos momentos mais difíceis das suas, nossas, vidas.” Por isso esta exposição é, também, um grito de esperança, em cada imagem o movimento tornado acção pelo querer de cada um. No momento congelado, cada corpo suspenso, cada bandeira desfraldada ou cada bola de sabão entregue ao infinito é um desafio à imaginação. Mas é também uma ponte entre passado e presente, entre o que fomos e o que somos, a coragem e a ousadia de erguer o corpo no ar e lançá-lo no abismo de uma duna a cantar amanhãs feitos de vontade e de certezas. Uma exposição imperdível e que pode ser apreciada no Centro Português de Fotografia até ao próximo dia 08 de Agosto.

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