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domingo, 11 de julho de 2021

EXPOSIÇÃO: "Capturar o Invisível"


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EXPOSIÇÃO: “Capturar o Invisível”,
de Alberto Giacometti (esculturas) e Peter Lindbergh (fotografias)
MMIPO - Museu da Misericórdia, Porto
15 Abr > 24 Set 2021


“Um retrato nunca é a pessoa. O que se capta é a relação com a pessoa que se fotografa. É um diálogo e é isso que se encontra na imagem.”
Peter Lindbergh

Artista plástico suíço que se destaca pelas seus pinturas e esculturas expressionistas, Alberto Giacometti pode ser visto por estes dias no MMIPO - Museu da Misericórdia com um conjunto de trabalhos bem reveladores do seu génio artístico. Com ele está Peter Lindbergh, pioneiro do realismo na fotografia de moda, um artista fascinado desde cedo pela obra e personalidade de Giacometti e que mostra aqui parte do trabalho fotográfico realizado em Paris, a convite da Fundação Giacometti. O resultado é empolgante, não apenas pelo íntimo diálogo que resulta, de forma muito visível, do confronto entre as obras de Giacometti e de Lindbergh, mas também pela possibilidade de entender o quanto há de comum entre os dois artistas nas suas formas de apreender a representação da realidade.

Ordenadas temáticamente, as peças de Giacometti remetem para a “renúncia do modelo” e para a sua “verdade”, tal como para dois dos seus grandes cúmplices (e modelos), a esposa Annette Arm e o irmão Diego, e ainda para “O Homem Que Caminha”, a obra mais conhecida do artista e uma das mais famosas esculturas do século XX. Peter Lindbergh responde a isto com a sua visão única, “encontrando” Giacometti no seu atelier ou confrontando alguns desenhos do artista com retratos seus. Neste ambiente de profunda intimidade e de grande respeito, o visitante começa por sentir estranheza e desconforto, as pequenas esculturas tão próximas do ser imperfeito que somos, interrogando-nos com o seu olhar penetrante, as suas projecções (leia-se, as imagens de Lindbergh) criando como que um efeito de sombra que não apenas torna o conjunto esteticamente muito belo como amplia a sua dimensão interior.

O espaço único da Galeria dos Benfeitores do MMIPO mostra-se perfeito para acolher a mostra. O cuidado na disposição das peças torna o diálogo entre as esculturas e as fotografias ainda mais vivo e rico, disso beneficiando o visitante que, incapaz de resistir à atracção que o conjunto exerce, imerge na verdade que se derrama de cada uma das obras. A deformação dramática das proporções, o alongamento das formas e a manipulação da superfície e da textura acentuam a materialidade dos objectos e a capacidade expressiva e poética das obras de arte. E há, depois, aqueles bustos austeros e petrificados, as figuras extremamente alongadas, os rostos imperturbáveis ou os enormes pedestais maciços nos quais as peças surgem como que enraizadas, com tanto de inquietante como de apaziguador. Uma exposição imperdível que poderá ser vista até 24 de Setembro.

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