LUGARES: Museu Jorge Vieira
Largo Dr. Lima Faleiro, Beja
Horário | 09h30-12h30 e 14h00-18h00 (aberto o ano inteiro, exceto nos feriados do Natal, Ano Novo, 25 de Abril e 1 de Maio)
Ingressos | Entrada gratuita
Espaço de arte contemporânea que ocupa um lugar de destaque na dinâmica cultural da cidade de Beja, o Museu Jorge Vieira acolhe parte do espólio daquele que foi considerado como um dos escultores mais importantes do século XX. Com um percurso ímpar, a arte de Jorge Vieira assume-se como impactante, icónica e de ruptura, distanciando-se do tradicional ao fundir-se com influências primitivistas, abstraccionistas e surrealistas. Na base da sua obra está presente uma dualidade de referências onde coexistem processos criativos mais arcaicos que nos transportam para a magia do ancestral e uma criação mais actual e enigmática, à qual se agrega a imaginação livre.
Das criações do artista sobressaem inúmeros trabalhos sobre papel que se reportam a vários períodos. Na escultura, recorre à utilização de técnicas diferenciadas, num cuidadoso entrosamento entre o material, a mensagem que pretende transmitir e a restrição específica que cada obra exige. Na execução dos seus trabalhos o escultor recorreu a materiais como o bronze e a pedra. No entanto, empenhou-se particularmente na utilização da terracota, destacando-a como material de eleição em que o retorno da escultura à produção artesanal explora a relação entre a mão e a matéria. Dos seus trabalhos evidencia-se ainda o recurso a figuras e personagens cíclicas, onde predominam nus eróticos, casais de amantes, animais como o touro e o cavalo, ou figuras relacionadas com a mitologia pagã, nomeadamente peças assentes em tripés. O absurdo de algumas associações anatómicas, com a fantasia a dar o mote à criação, permite-nos conhecer igualmente o imaginário do artista.
Instalado na Casa do Governador, no espaço interior do belíssimo e bem cuidado Castelo de Beja, o Museu Jorge Vieira revela-se na sua singeleza mas, ao mesmo tempo, na qualidade extraordinária do espólio que conserva. Ponto de encontro entre a fusão da arte moderna e a arquitetura medieval, trata-se de um equipamento ímpar para compreender, aprofundar e divulgar a vida e obra de um escultor injustamente pouco conhecido, alargando-a a públicos diversificados através da partilha transversal a todas as gerações nas mais variadas formas de entender e sentir a arte. Foi isso que aconteceu comigo, acabando por me sentir arrebatado com a beleza e singularidade do trabalho do artista, bem como com a sua qualidade intrínseca. Um Museu que, para os amantes da Arte Contemporânea, justifica por si só uma visita à capital do Baixo Alentejo.
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