LUGARES: Casa-Museu José Régio
Rua José Régio, Portalegre
Horário | De terça-feira a domingo, das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Encerrado às segundas-feiras e feriados
Ingressos | 2,10 €, adultos (grátis para estudantes até aos 14 anos
A Casa-Museu José Régio localiza-se numa rua com o nome do poeta, a Sul da zona histórica de Portalegre, uma das principais vias de acesso à cidade. Implantada numa pequena elevação de terreno, paredes meias com o Centro de Artes do Espectáculo, a Casa-Museu corresponde a um edifício de grande simplicidade arquitectónica, planta retangular, dois pisos e telhado de duas águas. Outrora o Convento de São Brás, hoje desaparecido, a casa viria a ser o quartel do Batalhão dos Voluntários de Portalegre, por altura das invasões francesas, sendo parte dela, já no início do século XX, transformada em casa de hóspedes designada como "Pensão 21". Foi aqui que, em 1929, José Maria dos Reis Pereira, mais conhecido pelo pseudónimo que adoptou mais tarde nos seus escritos - José Régio - viria a alugar um pequeno quarto no primeiro andar desta pensão, usufruindo então apenas do prazer de uma varanda, algo que surgirá descrito no seu poema "Toada de Portalegre”.
Em Portalegre desenvolveu José Régio, ao longo de 34 anos, a sua carreira como professor no Liceu Mouzinho da Silveira. A par da enorme paixão pelas letras, foi aqui que desenvolveu o seu gosto pelo coleccionismo, percorrendo esta região alentejana, muitas vezes de burro, à procura de antiguidades e artesanato local e regateando com os proprietários o preço de cada peça. A coleção foi crescendo de tal modo que, passados dez anos desde que alugou o primeiro quarto, José Régio torna-se o único hóspede da pensão. Grande parte das divisões ostentam peças da importante coleção de arte que José Régio foi adquirindo, procurando integrar-se no uso original dos espaços. Desta coleção são de realçar as peças de arte sacra, evidenciando-se os Cristos e os Barros de Portalegre, a faiança onde se destaca a "louça ratinha”, os trabalhos pastoris, os ferros forjados onde são de realçar os interessantes suportes dos espetos que eram colocados à lareira, a numismática e o acervo literário.
Foi justamente este espaço que visitei em inícios de Maio, numa solarenga manhã de quarta-feira. Numa fachada de acesso à casa, Draw & Contra deixavam a sua marca através de um magnífico mural de homenagem ao poeta. Lá dentro, tive a grata surpresa de perceber que a visita seria guiada e que isso não oneraria o valor do ingresso. E que visita! Através das palavras de quem vive e sente a casa como sua (imperdoavelmente, não cheguei a perguntar o nome à guia que me acompanhou), o visitante é convidado a penetrar no espírito dos lugar e no coração de José Régio. Histórias e memórias vão sendo desfiadas. No final ficamos a saber que, depois de aposentado, José Régio regressou à sua terra natal, deixando a coleção em Portalegre na esperança que, um dia, a casa onde viveu fosse transformada em espaço museológico. O seu sonho viria a cumprir-se em 23 de Maio de 1971, dois anos após o seu falecimento. A casa ficou bem entregue, respeitando o homem e a sua obra. Esta é, sem dúvida, uma visita a repetir!
Sem comentários:
Enviar um comentário