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domingo, 6 de junho de 2021

CERTAME: Bienal'21 Fotografia do Porto


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CERTAME: Bienal’21 Fotografia do Porto
Vários locais
14 Mai > 27 Jun 2021


46 artistas nacionais e internacionais e 19 propostas expositivas espalhadas por 15 locais da cidade do Porto, estendendo-se a Lisboa e ao espaço virtual, tais são os números da segunda edição da Bienal de Fotografia do Porto. Organizado e produzido pela Plataforma Ci.CLO, em co-produção com a Câmara Municipal do Porto, o certame persiste na intenção de, a partir da fotografia e da sua relação transdisciplinar com outros campos artísticos, promover a reflexão e o debate em torno dos profundos desafios sociais e ecológicos com os quais a Humanidade se confronta. Pretende-se, com isto, “contribuir para a produção e disseminação de perspectivas artísticas, acções e intervenções, que promovam uma mudança cultural ética que acreditamos ser tão desejável quanto é inevitável”.

No breve espaço de uma tarde, visitando núcleos próximos entre si - Centro Português de Fotografia, Reitoria da Universidade do Porto, Galeria dos Paços do Concelho da Câmara Municipal do Porto, Cooperativa Árvore, Palacete Viscondes de Balsemão, Estação de Metro de S. Bento e The Cave Photography -, foi possível apreciar o trabalho de 20 fotógrafos e ir ao encontro da afirmação que serve de lema ao conjunto de mostras: “O que acontece com o mundo, acontece connosco”. É neste ponto que se insere a exposição “Paisagens Transgénicas”, de Álvaro Domingues, conjunto de imagens à margem da ordem natural das coisas, que questionam o sentido da paisagem enquanto código de reconhecimento do território. Uma exposição magnífica, distribuída por dois pólos e que pode igualmente ser visitada online, acompanhada das descrições e comentários do próprio Álvaro Domingues.

Duas outras exposições de enorme impacto e que, de certa forma, estabelecem um diálogo muito próximo com as “Paisagens Transgénicas”, intitulam-se “Senso Comum” e “Cidades na Cidade”, e são da autoria de Céu Guarda e de Carlos Barradas e María Sainz Arandia, respectivamente. Em ambos os casos predomina a ideia do espaço comum como um conjunto de pequenas células que o (des)caracterizam, a mão do homem a desfazer mitos ao mesclar rural e urbano, campo e cidade. Reunindo obras de oito artistas, “The Horizon is Moving Nearer” fala-nos de tensão, vulnerabilidade e conflito motivados por fenómenos como as alterações climáticas, os nacionalismos e os populismos, a cibersegurança, a violação de direitos, Trump, Brexit e várias outras questões fracturantes.

“Travessia”, da conceituada fotógrafa da Magnum, Susan Meiselas, é outra das propostas imperdíveis, lançando um olhar sobre a herança do colonialismo português e, em particular, sobre a quase desconhecida comunidade africana e afro-descendente da cidade do Porto. Isoladamente ou no seu conjunto, as imagens contam histórias (literalmente), documentando vivências, memórias e aprendizagens, ao mesmo tempo evidenciando a estreita margem onde estas pessoas sobrevivem e as oportunidades que a sociedade, continuamente, faz questão de negar. Por último, “Sustentar” assenta no trabalho de seis artistas, combinando propostas fotográficas e o videográficas ao encontro de iniciativas experimentais na área da sustentabilidade. Paralelamente, a Bienal’21 Fotografia do Porto acolhe conversas públicas, oficinas, residências artísticas e o lançamento do livro “Paisagens Transgénicas”, de Álvaro Domingues. A não perder!

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