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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

EXPOSIÇÃO DE PINTURA: "100 Anos Nadir, Inéditos"


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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “100 Anos Nadir, Inéditos”,
de Nadir Afonso
Reitoria da Universidade do Porto
08 Out > 23 Dez 2020


“O que há de notável, principalmente no seu caso, resulta do facto de a exuberância do seu temperamento retirar às suas figuras geométricas, aos seus planos coloridos, a impassividade e a frieza, dando-lhes mesmo, um movimento, um dinamismo, uma alacridade, uma cadência que raramente se encontram reunidos no mesmo artista.”
Frank Elgar, “Carrefour des Lettres”

Por ocasião do centenário do nascimento de Nadir Afonso, a Sala de Exposições da Reitoria da Universidade do Porto abriu as portas ao seu antigo aluno e Doutor Honoris Causa, oferecendo ao visitante a possibilidade de apreciar mais de uma centena de trabalhos inéditos. Ali se encontram representadas as fases mais marcantes da carreira do pintor, dos trabalhos académicos ainda na década de 30 do século passado até aos tempos mais recentes, já no novo milénio. Pelo meio há trabalhos do período da sua afirmação como pintor, nomeadamente esse pouco expectável mergulho no surrealismo, a partir do qual se viria a desenvolver toda uma obra plástica exemplar, cada vez mais abstracta e mais geometrizada.

Momento-chave da sua obra, o “espacilimité” e os movimentos cinéticos a ele vinculados são figura de destaque nesta exposição, nomeadamente uma máquina construída pelo próprio pintor, a “Máquina Cinética”, âncora seminal de toda a narrativa nadiriana, a qual permite que a pintura rode sobre si própria, trazendo-a do campo estático onde se situa para o campo dinâmico do cinema. O restante conjunto de trabalhos remete para imagens idealizadas ou evocativas das cidades, cuja percepção não é imediata. Ao visitante cabe o desafio de identificar os pequenos elementos construtivos que Nadir Afonso retira da malha das cidades e inscreve nas sua telas, reconstruindo a paisagem tal qual ela é a partir desta espécie de textura abstracta.

Admirável inventor de arquitecturas, Nadir Afonso volta a mostrar-se como “um génio, ou pelo menos muito próximo disso”, como o definiu Fernando Lanhas. Esta exposição, como a anteriormente vista do pintor no Museu Municipal de Espinho, provam-no como um dos poucos verdadeiros modernistas portugueses, permitindo uma viagem por um repertório estético e teórico ao encontro de um ideal segundo o qual o homem se volta para a geometria “como as plantas se voltam para o sol”. Exposição imperdível, “100 Anos Nadir, Inéditos” tem curadoria de António Quadros Ferreira e estará patente até ao próximo dia 23 de Dezembro. A entrada é gratuita.

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