CONCERTO: Maria João | OGRE electric
Caldas Nice Jazz
Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha
07 Nov 2020 | sab | 21:30
Foi com genuína emoção, uma satisfação enorme por voltar a cantar para um auditório com público e ainda essa mensagem, cada vez mais importante e necessária, de que “a cultura é segura”, que Maria João e o seu OGRE electric se apresentaram no palco do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. Com a cantora vieram a estreante Diana Cangueiro (electrónica) e os companheiros de longa data João Farinha (teclados e electrónica) e Joel Silva (bateria), para uma hora e meia de pura magia, as qualidades vocais, a versatilidade e a capacidade de comunicação de Maria João elevadas a expoentes de grandeza superior, mostrando o porquê de ser esta uma das grandes vozes mundiais do jazz.
Baseando o alinhamento no seu mais recente trabalho, “Open Your Mouth”, Maria João começou por cantar “Parrots and Lions”, trazendo-nos um cheirinho dos seus trabalhos primeiros, ao lado de Mário Laginha, e nomeadamente o fabuloso e muito pouco conhecido “Tralha” (2004). Daí em diante foi todo um desfiar de temas mais recentes, quase todos eles compostos por João Farinha, onde se destacam “Acute Angels”, “Tenho Um Verdadeiro Amor”, “Respiros” e também “Open Your Mouth”, o tema que dá título ao álbum. Revisitando “A Poesia de Aldir Blanc”, a cantora ofereceu-nos um divertido “O Coco do Coco” em jeito de samba para nos dar, logo de seguida, a “versão-fado”, o que mereceu do público a mais calorosa de todas as ovações da noite.
Outro dos momentos altos da noite surgiu com “Gobbledygook”, último tema do alinhamento, Maria João a “erguer a taça” à vitória de Biden nas presidenciais americanas e a trazer Kamala Harris para a música, literalmente – “We did it, Joe. You’re going to be the next President of the United States.” Depois de uma prolongada ovação, o quarteto regressou ao palco e interpretou “The Lion Sleeps Tonight”, reforçando a nota de boa disposição nesta grande noite do Caldas Nice Jazz. Em resumo, apesar do envolvimento crescente do projecto com a matriz electrónica, a alegria infantil de Maria João permanece bem viva e, com ela, esse convite à viagem por paisagens de sonho, florestas escuras e misteriosas, ritmos africanos e mesmo ao interior das nossas mentes, independentemente do grau de alucinação de cada um.
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