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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

LUGARES: Museu Arqueológico do Carmo


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LUGARES: Museu Arqueológico do Carmo 
Largo do Carmo, Lisboa 
Horário | Segunda a sábado, das 10h00 às 18h00 (das 10h00 às 19h00, de Maio a Setembro)
Tarifas | 5,00 € (adulto) e 4,00 € (Estudante, Sénior e portadores do Lisbon Card); grátis a menores de 15 anos e membros do ICOM 
Site | https://www.museuarqueologicodocarmo.pt/


A construção da igreja do Carmo remonta ao ano de 1389, impulsionada pelo desejo e devoção religiosa do seu fundador, o Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira. Construída sobre a colina fronteira ao castelo de S. Jorge, pela sua grandeza e monumentalidade, rivalizava com o Convento de S. Francisco e mesmo com a própria Sé de Lisboa. Desde cedo este espaço religioso foi considerado emblemático da urbe lisboeta e da própria identidade nacional, pelo facto de lhe estar associado o nome de um dos mais famosos heróis portugueses da Idade Média. Ao ter escolhido a igreja do Carmo para sua sepultura, Nuno Álvares Pereira marcou, de forma decisiva, toda a história do monumento gótico. A igreja e o convento receberam vários acrescentos e alterações ao longo dos tempos, adaptando-se a novos gostos e estilos arquitectónicos e decorativos, transformando-se numa das construções mais ricas e poderosas de Lisboa. 

Em 1755, o terramoto, que abalou com violência a cidade, provocou graves danos no edifício, agravados pelo subsequente incêndio que destruiu quase totalmente o seu recheio. No ano de 1756 iniciou-se a sua reconstrução, já em estilo neogótico, interrompida definitivamente em 1834, devido à extinção das Ordens Religiosas em Portugal. Desse período de reconstrução datam os pilares e os arcos das naves, que são um verdadeiro testemunho de arquitectura neogótica experimental, de cariz cenográfico. Em meados do século XIX, imperando o gosto romântico pelas ruínas e pelos antigos monumentos medievais, optou-se por não continuar a reconstrução do edifício, deixando o corpo das naves da igreja a céu aberto. É assim criado um mágico cenário de ruína, que tanto agradava aos estetas oitocentistas e que ainda hoje encanta os nossos contemporâneos. As ruínas do Carmo transformaram-se, assim, num memorial do terramoto de 1755.

O Museu Arqueológico do Carmo, aqui instalado, foi fundado em 1864 pelo primeiro presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses, Joaquim Possidónio Narciso da Silva (1806-1896). Foi o primeiro museu de Arte e Arqueologia do país, e nasceu dos objectivos de salvaguarda do património nacional que se ia delapidando e deteriorando, em consequência da extinção das Ordens Religiosas e dos inúmeros estragos infligidos durante as Invasões Francesas e as Guerras Liberais. Nos primeiros anos de existência, reuniu um espólio constituído por inúmeros fragmentos de arquitectura e escultura, bem como monumentos funerários de grande relevo escultórico, painéis de azulejo, pedras de armas, e outros tantos objectos de interesse histórico-artístico e arqueológico. Nos finais do século XIX e no terceiro quartel do século XX, deram entrada no Museu importantes colecções de arte e arqueologia de diferentes proveniências, contando actualmente com cerca de mil artefactos em exposição permanente. 

Nos nossos dias, o Museu Arqueológico do Carmo permanece envolto na sua “aura romântica”, oferecendo um espaço de fruição estética, de cultura e contemplação, em plena baixa lisboeta. Nele, o visitante pode apreciar valiosos exemplares da arquitectura manuelina, como lápides sepulcrais, janelas e o precioso túmulo do Rei D. Fernando I, a par de conjuntos artísticos e arqueológicos de diferentes proveniências, entre os quais se destacam as colecções de epigrafia romana, de cerâmicas e múmias pré-colombianas e o acervo originário da escavação do Castro de Vila Nova de S. Pedro, na Azambuja (período Calcolítico, cerca de 3.500 a.C.). Entre o Sarcófago das Musas e o Pilar dos Grifos, os painéis de azulejos representativos dos Passos da Paixão e um par de mísulas ricamente trabalhadas, uma pia baptismal e a estátua de S. João Nepomuceno, são muitos e bons os motivos que levam a empreender uma visita a este espaço.

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