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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Carlos Relvas e a Arte Fotográfica: O Retrato"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Carlos Relvas e a Arte Fotográfica: O Retrato”
Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense
08 Fev > 28 Mar 2020


Entre todas as invenções surgidas no século XIX, poucas foram as que tiveram mais impacto social do que a Fotografia. E também não são muitas as que conheceram uma evolução tecnológica comparável, sobretudo se pensarmos que, desde os primeiros trabalhos de Niépce e Daguerre, até à vulgar selfie que os telemóveis hoje possibilitam, passaram menos de 200 anos. Para a história da fotografia em Portugal, o nome de Carlos Augusto de Mascarenhas Relvas de Campos (1838 - 1894) é incontornável, visto ter sido ele o primeiro fotógrafo amador do nosso País. Foi pelo seu olhar e de outros pioneiros como ele que a Fotografia encontrou progressivamente o seu espaço, assumindo um papel preponderante no nosso quotidiano e contribuindo decisivamente para tornar o Mundo um lugar mais pequeno e próximo de cada um de nós.

É precisamente de Carlos Relvas que falo, a propósito da Exposição de Fotografia que, desde o passado dia 08, está patente ao público no Museu Júlio Dinis. “Carlos Relvas e a Arte Fotográfica: O Retrato” é um conjunto de vinte e duas imagens, todas elas provas actuais a partir de negativos em colódio ou sal de prata e, na sua maioria, viradas a sépia. São imagens belíssimas, onde se torna evidente o apurado sentido estético do artista, uma inusitada perícia no domínio da luz e um enorme rigor nos enquadramentos, pesem embora as tremendas limitações duma arte que dava então os primeiros passos. Neste particular aspecto, importa referir que o labor de Relvas não se limitou a fixar em imagens aquilo que os seus olhos viam, antes se mostrou um investigador incansável, obcecado pela perfeição técnica, investindo as suas capacidades e talento na descoberta e aperfeiçoamento de novas técnicas e processos, da utilização frequente do grande formato aos tipos de impressão, da invenção de um aparelho para facilitar as focagens à aplicação da fotografia estereoscópica ou à introdução em Portugal do método da fototipia.

Embora o seu acervo fotográfico seja particularmente vasto e nele assuma particular importância o material que recolheu sobre a realidade da vida nas Beiras, as manifestações sociais das camadas populares ou os principais monumentos portugueses, é no retrato que se percebem os elevados níveis de perfeição e precisão técnica que o consagram como um artista de excepção. Nesta exposição itinerante que passa agora por Ovar, podemos apreciar o valor de Carlos Relvas na vertente muito particular de retratista, fotografando em estúdio toda a sociedade portuguesa, desde camponeses e mendigos até à aristocracia. Por outro lado, o seu especial apreço pela fotografia de animais faz-se notar em apontamentos como “Sela de Cavalo”, “Carneiro”, “Boi”, “Cabeça de Ovelha” ou “Cavalo”. O próprio se faz fotografar em vários auto-retratos, a cavalo, apoiado numa câmara fotográfica, envergando um curioso colete salva-vidas ou na companhia de um amigo. Em boa hora nos é dada a oportunidade de conhecer melhor o artista e a sua obra. Vale a pena a visita!

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