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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Carlos
Relvas e a Arte Fotográfica: O Retrato”
Museu Júlio Dinis – Uma Casa
Ovarense
08 Fev > 28 Mar 2020
Entre todas as invenções surgidas no
século XIX, poucas foram as que tiveram mais impacto social do que a
Fotografia. E também não são muitas as que conheceram uma evolução
tecnológica comparável, sobretudo se pensarmos que, desde os
primeiros trabalhos de Niépce e Daguerre, até à vulgar selfie que
os telemóveis hoje possibilitam, passaram menos de 200 anos. Para a
história da fotografia em Portugal, o nome de Carlos Augusto de
Mascarenhas Relvas de Campos (1838 - 1894) é incontornável, visto ter sido ele o
primeiro fotógrafo amador do nosso País. Foi pelo seu olhar e de
outros pioneiros como ele que a Fotografia encontrou progressivamente
o seu espaço, assumindo um papel preponderante no nosso quotidiano e
contribuindo decisivamente para tornar o Mundo um lugar mais pequeno
e próximo de cada um de nós.
É precisamente de Carlos Relvas que
falo, a propósito da Exposição de Fotografia que, desde o passado
dia 08, está patente ao público no Museu Júlio Dinis. “Carlos
Relvas e a Arte Fotográfica: O Retrato” é um conjunto de vinte e
duas imagens, todas elas provas actuais a partir de negativos em
colódio ou sal de prata e, na sua maioria, viradas a sépia. São
imagens belíssimas, onde se torna evidente o apurado sentido
estético do artista, uma inusitada perícia no domínio da luz e um enorme rigor nos
enquadramentos, pesem embora as tremendas limitações duma arte que
dava então os primeiros passos. Neste particular aspecto, importa
referir que o labor de Relvas não se limitou a fixar em imagens aquilo que
os seus olhos viam, antes se mostrou um investigador incansável,
obcecado pela perfeição técnica, investindo as suas capacidades e
talento na descoberta e aperfeiçoamento de novas técnicas e
processos, da utilização frequente do grande formato aos tipos de
impressão, da invenção de um aparelho para facilitar as focagens à
aplicação da fotografia estereoscópica ou à introdução em
Portugal do método da fototipia.
Embora o seu acervo fotográfico seja
particularmente vasto e nele assuma particular importância o
material que recolheu sobre a realidade da vida nas Beiras, as
manifestações sociais das camadas populares ou os principais
monumentos portugueses, é no retrato que se percebem os elevados
níveis de perfeição e precisão técnica que o consagram como um
artista de excepção. Nesta exposição itinerante que passa agora por Ovar, podemos apreciar o valor de Carlos Relvas na vertente muito particular de retratista,
fotografando em estúdio toda a sociedade portuguesa, desde
camponeses e mendigos até à aristocracia. Por outro lado, o seu
especial apreço pela fotografia de animais faz-se notar em
apontamentos como “Sela de Cavalo”, “Carneiro”, “Boi”,
“Cabeça de Ovelha” ou “Cavalo”. O próprio se faz fotografar
em vários auto-retratos, a cavalo, apoiado numa câmara fotográfica, envergando um curioso colete salva-vidas ou na companhia de um amigo. Em boa hora nos é dada a oportunidade
de conhecer melhor o artista e a sua obra. Vale a pena a visita!
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