CINEMA: “1917”
Realização |
Sam MendesArgumento | Sam Mendes, Krysty Wilson-Cairns
Fotografia | Roger Deakins
Montagem | Lee Smith
Interpretação | Dean-Charles Chapman, George MacKay, Daniel Mays, Colin Firth, Pip Carter, Andy Apollo, Paul Tinto, Josef Davies, Billy Postlethwaite, Gabriel Akuwudike, Andrew Scott, Spike Leighton, Robert Maaser, Gerran Howell
Produção | Pippa Harris, Callum McDougall, Sam Mendes, Brian Oliver, Jayne-Ann Tenggren
Reino Unido | 2019 | Drama, Guerra | 119 Minutos | M/14
UCI Arrábida 20 – Sala 15
02 Fev 2020 | dom | 18:45
Não
creio que “1917” seja, como li algures, “um dos filmes maiores
de 2019”. De igual modo, tenho as maiores reservas quanto a ser ele
o melhor filme de guerra da década, embora aqui o meu conhecimento
seja insuficiente para poder fundamentar o contraditório. Ainda
assim, estamos perante um filme estimável e a razão é simples, já
que o realizador aposta numa abordagem global do conflito, optando
por uma direcção envolvente e que transporta o espectador para o
interior de um flagelo que resultou em dezoito milhões de mortos. Situada nos momentos que precederam a
terceira batalha de Ypress, também conhecida como Passchendaele, a
história acompanha os cabos Blake (Dean-Charles Chapman) e Schofield
(George MacKay), dois soldados britânicos que têm como missão
entregar uma ordem de um general a outro pelotão de combate,
liderado pelo coronel MacKenzie, que se encontra a algumas horas de
distância. Os alemães retiraram as suas tropas daquele território
e MacKenzie prepara-se para atacar em força o exército germânico.
O que ele não sabe é que a retirada estratégica foi uma armadilha
e, portanto, há centenas de soldados britânicos que irão perder a
vida caso MacKenzie prossiga com os seus planos.
A Primeira Guerra Mundial sempre foi um “parente pobre” do Cinema – apesar de grandes filmes como “A Oeste Nada de Novo”, de Lewis Millestone (1930) ou “Horizontes de Glória”, de Stanley Kubrick (1957). Contudo, na hora de olharmos o conflito, é quando mais poderosa nos surge a mensagem anti-bélica. Os interesses imperialistas das várias potências envolvidas eram óbvios. A carne para canhão estava ali “à mão de semear”, na pessoa de milhões de jovens entusiastas cujas vidas acabaram sendo ceifadas pelos tiros das metralhadoras e pelas nuvens de gases letais. Pouco mais de cem anos volvidos sobre esses trágicos acontecimentos, Sam Mendes convida-nos a recordar toda uma juventude perdida em campos transformados em crateras lunares. Nesse sentido, “1917” funciona como uma sentida homenagem a todos esses valentes que foram sacrificados no grande altar da Razão de Estado e da indústria do armamento.
Recriando com precisão e minúcia o modo de vida dos soldados britânicos (e, por extensão, dos restantes combatentes) na frente Ocidental, o filme é rodado em longuíssimos planos-sequência, proeza técnica que faz com que o espectador se sinta como um soldado mais e perceba que, longe de ser um evento romântico e épico, a guerra é algo de cruel, duro e asfixiante. Aquilo que “1917” tem de melhor, para além da monumental realização, são os momentos totalmente envolventes e realistas, dos intermináveis muros de arame farpado aos ratos que se passeiam por todo o lado ou às diferenças entre as trincheiras britânicas e germânicas. Há momentos em que a História ganha mais força e vida, como aqueles em que um oficial chora copiosamente antes do ataque, o murmúrio insustentável dos feridos nos hospitais de campanha ou o soldado que canta “Poor Wayfaring Stranger” momentos antes do ataque. Poderia até nem haver mais razões que fizessem de “1917” um filme de visão obrigatória. Mas lembrar-nos a ignomínia, para que jamais a História se repita, será já razão suficiente.
A Primeira Guerra Mundial sempre foi um “parente pobre” do Cinema – apesar de grandes filmes como “A Oeste Nada de Novo”, de Lewis Millestone (1930) ou “Horizontes de Glória”, de Stanley Kubrick (1957). Contudo, na hora de olharmos o conflito, é quando mais poderosa nos surge a mensagem anti-bélica. Os interesses imperialistas das várias potências envolvidas eram óbvios. A carne para canhão estava ali “à mão de semear”, na pessoa de milhões de jovens entusiastas cujas vidas acabaram sendo ceifadas pelos tiros das metralhadoras e pelas nuvens de gases letais. Pouco mais de cem anos volvidos sobre esses trágicos acontecimentos, Sam Mendes convida-nos a recordar toda uma juventude perdida em campos transformados em crateras lunares. Nesse sentido, “1917” funciona como uma sentida homenagem a todos esses valentes que foram sacrificados no grande altar da Razão de Estado e da indústria do armamento.
Recriando com precisão e minúcia o modo de vida dos soldados britânicos (e, por extensão, dos restantes combatentes) na frente Ocidental, o filme é rodado em longuíssimos planos-sequência, proeza técnica que faz com que o espectador se sinta como um soldado mais e perceba que, longe de ser um evento romântico e épico, a guerra é algo de cruel, duro e asfixiante. Aquilo que “1917” tem de melhor, para além da monumental realização, são os momentos totalmente envolventes e realistas, dos intermináveis muros de arame farpado aos ratos que se passeiam por todo o lado ou às diferenças entre as trincheiras britânicas e germânicas. Há momentos em que a História ganha mais força e vida, como aqueles em que um oficial chora copiosamente antes do ataque, o murmúrio insustentável dos feridos nos hospitais de campanha ou o soldado que canta “Poor Wayfaring Stranger” momentos antes do ataque. Poderia até nem haver mais razões que fizessem de “1917” um filme de visão obrigatória. Mas lembrar-nos a ignomínia, para que jamais a História se repita, será já razão suficiente.
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