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EXPOSIÇÃO DE PINTURA: “No Chão
do Paraíso”,
de Albuquerque Mendes
Auditório Municipal de Gondomar –
Sala Júlio Resende
14 Dez 2019 > 09 Fev 2020
Tirando alguns trabalhos avulso que
tive oportunidade de apreciar no âmbito da Bienal de Arte de Gaia ou desse extraordinário projecto que é o Museu de Causas, a obra de Albuquerque Mendes é-me
desconhecida. Busco informações e percebo que nasceu em Trancoso,
em 1953, e que muitos não hesitam em considerá-lo um dos nomes
fundamentais da arte portuguesa afirmados ao longo da década de 80
do século passado. “Poeta do traço e da cor, insere-se no
restrito grupo de artistas que, de uma forma consciente, procura,
numa abordagem contemporânea, explorar as inesgotáveis
potencialidades da pintura, buscando referentes nas suas próprias
histórias e memórias”, leio. A curiosidade aguça-se e vou à sua
procura.
Com curadoria de Agostinho Santos, é
na Sala Júlio Resende do Auditório Municipal de Gondomar que, por
estes dias, se pode ver “No Chão do Paraíso”, exposição
centrada na produção mais recente do artista. Nela é patente a
arte como forma de expressão, adivinhando-se a inquietação e a
dúvida do Albuquerque Mendes sobre alguns dos mitos da cultura e da história
portuguesas. Há trabalhos que parecem remeter para a infância e
juventude do pintor, revisitando um passado que se adivinha feliz. Outros há, porém, que
se centram nas diferenças de género, no correr do tempo, na afirmação da força - a palavra “tropa” inscrita de forma clara - ou no valor do dinheiro, trazendo para a actualidade alguns dos temas que o afligem e para os quais busca respostas.
Os rostos são depurados, contidos,
como se neles o artista buscasse, como ideário, a perfeição
plástica das formas e, paradoxalmente, a
inexpressividade. A tudo isto acrescenta uma tipificada panóplia de
sinais - “ar”, “sal”, “amar”, “rã” -, “embrulhando”
o todo numa disposição precisa ao longo da galeria, sobre painéis decorados, libertando
a pintura das restrições da superfície da tela, tornando-a parte duma “tela” muito maior. Não há nisto acaso ou inocência: Os quadros são, cada vez mais, objectos, e é nessa dimensão que se apresentam ao olhar do público. Vale a pena rumar a Gondomar para conhecer a obra e o artista. O tempo não será dado por mal empregue.
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