CONCERTO: Wim Mertens | “Inescapable
– 40th Anniversary Tour”
Casa da Música – Sala Suggia
29 Jan 2020 | qua | 21:00
Casa da Música – Sala Suggia
29 Jan 2020 | qua | 21:00
No momento em que completa 40
anos de carreira, Wim Mertens apresentou-se na noite de ontem na Casa
da Música, no âmbito da digressão mundial que assinala a
efeméride. Perante uma sala praticamente esgotada, o autor dos
clássicos “Maximizing The Audience”, “Struggle For Pleasure”,
“The Belly Of An Architect” ou “A Man Of No Fortune, And With A
Name To Come” trouxe com ele um quinteto de cordas, uma formação
mais alargada do que o seu habitual solo ou ocasional recital em
trio, para duas horas de música onde mostrou o porquê de ser uma
das “vozes” maiores do piano contemporâneo.
Avesso a convencionalismos, o pianista e compositor belga começou por saudar o público com “The Belly”, um tema que faz parte da banda sonora do filme de Peter Greenaway, “A Barriga De Um Arquitecto”, aqui numa versão particularmente enérgica. Pegando noutros temas bem conhecidos – “Bassin d'Attraction”, “No Testament” e essa notável construção melódica e rítmica que é “Inergys”, por exemplo – Mertens preencheu a primeira metade do concerto com o rigor a que nos habituou, tirando o máximo partido da harmonia e do silêncio que a sua música convoca e oferecendo-nos as mais singulares visões de um colorido e multifacetado universo.
Avesso a convencionalismos, o pianista e compositor belga começou por saudar o público com “The Belly”, um tema que faz parte da banda sonora do filme de Peter Greenaway, “A Barriga De Um Arquitecto”, aqui numa versão particularmente enérgica. Pegando noutros temas bem conhecidos – “Bassin d'Attraction”, “No Testament” e essa notável construção melódica e rítmica que é “Inergys”, por exemplo – Mertens preencheu a primeira metade do concerto com o rigor a que nos habituou, tirando o máximo partido da harmonia e do silêncio que a sua música convoca e oferecendo-nos as mais singulares visões de um colorido e multifacetado universo.
Após um breve intervalo que apanhou toda a gente de surpresa, Mertens interpretou duas melodias a solo e, já com os cinco instrumentistas em palco – dos quais, pela sua qualidade técnica e virtuosismo, me permito destacar a violinista Tatiana Samouil e o violoncelista Lode Vercampt –, enveredou então por um programa mais “redondo”, mais linear mas não menos interessante, “European Grasses” e “Often a Bird” a pontuarem esta segunda parte. O público teve ainda direito a um “encore” de quase dez minutos, totalmente preenchido com uma notável interpretação de “Wound To Wound”.
Para a posteridade fica a noção de um
concerto único, a fruição de uma música que traz um acordar às
nossas vidas. Uma miríade de estruturas marcadamente originais,
melodias nascidas do sonho e uma sucessão de ritmos com
um poder encantatório indefectível, fazem de cada composição de Wim Mertens uma preciosa jóia. E depois há a voz do próprio Mertens, elevada aqui à qualidade de
instrumento, a expressão de uma infinidade de palavras sem nome
(literalmente), de expressões vocais sem sentido aparente, mas que
nos conectam com uma atmosfera de emoções primárias, básicas, e
que se provam, afinal, o seu verdadeiro significado e alcance. Lírios ondulantes,
libelinhas esvoaçantes, dois amantes que se beijam, os olhos bem
abertos sobre um corpo em arrepio, a mão que desliza suavemente ao
longo do braço, a harmonia dos sentidos. A música de Wim Mertens é
tudo isto. E nem se deu pelo avançar da hora.
[Foto: Wim Mertens /
facebook.com/WimMertensOfficial/]
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