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LUGARES: Museu Nacional Resistência e
Liberdade
Fortaleza de Peniche
Campo da República, 609 – Peniche
Horário | Quarta-feira a Domingo, das 10h00 às 18h00
Acesso gratuito
Horário | Quarta-feira a Domingo, das 10h00 às 18h00
Acesso gratuito
“Nomeai um a um todos os nomes.
Lutaram e resistiram,
A liberdade guarda a sua memória nas
muralhas desta fortaleza”.
António Borges Coelho
Era uma quinta-feira. Naquele dia 25 de
Abril de há 45 anos, o destino da Revolução estava decidido. Ao
final da tarde, Marcello Caetano abandonava as instalações do
Quartel do Carmo com rumo ao exílio e a ditadura terminava. No Largo
do Carmo, a multidão com os olhos tensos de emoção, de ansiedade e
depois de júbilo, dava a cada minuto que passava uma duração
infinita. Por essa altura, na Fortaleza de Peniche, os últimos
presos políticos da ditadura não podiam ter consciência que o
caminho para a liberdade, a deles e a de Portugal, estava, naquele
dia, a ser feito vertiginosamente e era irreversível. Estes presos
ainda aqui passaram intermináveis horas, até que finalmente foram
libertados ao princípio da noite de 27 de Abril. Nas paredes que os
separavam do mundo ficava inscrita, para sempre, uma memória de
sacrifício, de solidão e de sofrimento. E também de abnegação,
de resistência e de coragem.
Localizado no extremo sul da península
de Peniche, distrito de Leiria, o Forte de Peniche, ou Fortaleza,
teve um papel central em vários momentos da história portuguesa.
Remonta a 1645, reinado de D. João IV, e desde 1938 está
classificado como Monumento Nacional. Prisão política entre 1934 e
1974, alojamento provisório de famílias portuguesas regressadas das
antigas colónias a seguir ao 25 de Abril de 1974, alberga desde 27
de Abril de 2017 o Museu Nacional Resistência e Liberdade. Este
nasce do reconhecimento da Fortaleza de Peniche enquanto
espaço-memória e símbolo maior da luta pela liberdade à escala
nacional, com ressonâncias internacionais na luta ancestral e atual
pela democracia e pelo respeito dos direitos humanos. De âmbito
multidisciplinar, o Museu Nacional Resistência e Liberdade tem como
missão a preservação da memória histórica da Fortaleza de
Peniche e da luta do povo português, em particular, da resistência à ditadura, pela liberdade e pela democracia.
A visita ao Museu foca-se na história
da Fortaleza de Peniche ao longo de cinco séculos, desde a primeira
metade do século XVI até ao presente, com ênfase na utilização
da Fortaleza como prisão política do Estado Novo. Com recurso a audioguias, disponibilizados gratuitamente, as
visitas distribuem-se por cinco espaços distintos – o “Memorial
aos presos-políticos”, o “Parlatório”, a exposição “Por
Teu Livre Pensamento”, a “Capela de Santa Bárbara” e o “Fortim
Redondo” ou “Segredo” –, propondo o envolvimento e a criação
de diálogos entre os visitantes e o espaço, e proporcionando uma
interactividade evocativa de memórias e emoções num lugar único,
testemunho de vários momentos marcantes da história de Portugal.
Do “Memorial”, inaugurado em 25 de
Abril de 2019 e onde se inscrevem os nomes dos 2.510 opositores ao
regime fascista que aqui estiveram detidos, ao “Parlatório”,
onde os presos recebiam as visitas dos familiares e amigos sob a
vigilância rigorosa e intimidatória dos guardas, passando pelo
“Segredo”, de onde Dias Lourenço fugiu em 1954, saltando
directamente para o mar, ou pelo próprio espaço prisional, palco da
espectacular “Fuga de Peniche”, desde as celas até às muralhas
da Fortaleza, protagonizada por Álvaro Cunhal, Carlos Costa,
Francisco Martins Rodrigues, Francisco Miguel Duarte, Guilherme da
Costa Carvalho, Jaime Serra, Joaquim Gomes dos Santos, José Carlos,
Pedro Soares e Rogério de Carvalho, é todo um emaranhado de emoções
que se cola à pele do visitante, levando-o a mergulhar nos contextos
que moldaram a história deste espaço. Por tudo isto, e porque a
história deste Museu é um dos momentos altos da história milenar
e universal da luta da Humanidade pela liberdade e pela dignidade, é
um dever e uma obrigação de cada português visitar o Museu
Nacional Resistência e Liberdade. Para que a memória nunca se
apague!
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