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terça-feira, 19 de novembro de 2019

LUGARES: Museu Nacional Resistência e Liberdade


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LUGARES: Museu Nacional Resistência e Liberdade
Fortaleza de Peniche
Campo da República, 609 – Peniche
Horário | Quarta-feira a Domingo, das 10h00 às 18h00
Acesso gratuito


“Nomeai um a um todos os nomes.
Lutaram e resistiram,
A liberdade guarda a sua memória nas muralhas desta fortaleza”.
António Borges Coelho

Era uma quinta-feira. Naquele dia 25 de Abril de há 45 anos, o destino da Revolução estava decidido. Ao final da tarde, Marcello Caetano abandonava as instalações do Quartel do Carmo com rumo ao exílio e a ditadura terminava. No Largo do Carmo, a multidão com os olhos tensos de emoção, de ansiedade e depois de júbilo, dava a cada minuto que passava uma duração infinita. Por essa altura, na Fortaleza de Peniche, os últimos presos políticos da ditadura não podiam ter consciência que o caminho para a liberdade, a deles e a de Portugal, estava, naquele dia, a ser feito vertiginosamente e era irreversível. Estes presos ainda aqui passaram intermináveis horas, até que finalmente foram libertados ao princípio da noite de 27 de Abril. Nas paredes que os separavam do mundo ficava inscrita, para sempre, uma memória de sacrifício, de solidão e de sofrimento. E também de abnegação, de resistência e de coragem.

Localizado no extremo sul da península de Peniche, distrito de Leiria, o Forte de Peniche, ou Fortaleza, teve um papel central em vários momentos da história portuguesa. Remonta a 1645, reinado de D. João IV, e desde 1938 está classificado como Monumento Nacional. Prisão política entre 1934 e 1974, alojamento provisório de famílias portuguesas regressadas das antigas colónias a seguir ao 25 de Abril de 1974, alberga desde 27 de Abril de 2017 o Museu Nacional Resistência e Liberdade. Este nasce do reconhecimento da Fortaleza de Peniche enquanto espaço-memória e símbolo maior da luta pela liberdade à escala nacional, com ressonâncias internacionais na luta ancestral e atual pela democracia e pelo respeito dos direitos humanos. De âmbito multidisciplinar, o Museu Nacional Resistência e Liberdade tem como missão a preservação da memória histórica da Fortaleza de Peniche e da luta do povo português, em particular, da resistência à ditadura, pela liberdade e pela democracia.

A visita ao Museu foca-se na história da Fortaleza de Peniche ao longo de cinco séculos, desde a primeira metade do século XVI até ao presente, com ênfase na utilização da Fortaleza como prisão política do Estado Novo. Com recurso a audioguias, disponibilizados gratuitamente, as visitas distribuem-se por cinco espaços distintos – o “Memorial aos presos-políticos”, o “Parlatório”, a exposição “Por Teu Livre Pensamento”, a “Capela de Santa Bárbara” e o “Fortim Redondo” ou “Segredo” –, propondo o envolvimento e a criação de diálogos entre os visitantes e o espaço, e proporcionando uma interactividade evocativa de memórias e emoções num lugar único, testemunho de vários momentos marcantes da história de Portugal.

Do “Memorial”, inaugurado em 25 de Abril de 2019 e onde se inscrevem os nomes dos 2.510 opositores ao regime fascista que aqui estiveram detidos, ao “Parlatório”, onde os presos recebiam as visitas dos familiares e amigos sob a vigilância rigorosa e intimidatória dos guardas, passando pelo “Segredo”, de onde Dias Lourenço fugiu em 1954, saltando directamente para o mar, ou pelo próprio espaço prisional, palco da espectacular “Fuga de Peniche”, desde as celas até às muralhas da Fortaleza, protagonizada por Álvaro Cunhal, Carlos Costa, Francisco Martins Rodrigues, Francisco Miguel Duarte, Guilherme da Costa Carvalho, Jaime Serra, Joaquim Gomes dos Santos, José Carlos, Pedro Soares e Rogério de Carvalho, é todo um emaranhado de emoções que se cola à pele do visitante, levando-o a mergulhar nos contextos que moldaram a história deste espaço. Por tudo isto, e porque a história deste Museu é um dos momentos altos da história milenar e universal da luta da Humanidade pela liberdade e pela dignidade, é um dever e uma obrigação de cada português visitar o Museu Nacional Resistência e Liberdade. Para que a memória nunca se apague!

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

EXPOSIÇÃO: "Por Teu Livre Pensamento"


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EXPOSIÇÃO: “Por Teu Livre Pensamento”
Organização | Direcção-Geral do Património Cultural, Comité Executivo do Museu de Peniche
Colaboração | Domingos Abrantes, Fernando Rosas, João Barros Matos, José Pacheco Pereira, Paula Araújo da Silva, Silvestre Lacerda, Teresa Pacheco Albino
Coordenação executiva e coordenação editorial | Teresa Pacheco Albino
Textos | Alice Samara, Domingos Abrantes, Fernando Rosas, Francisco Ruivo, Joana Dias Pereira, João Barros Matos, João Bonifácio Serra, Manuela Bernardino, Rui Venâncio
Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche
27 Abr > 31 Dez 2019


Estendendo-se até ao dia 31 de dezembro de 2019, está patente ao público no Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche a exposição “Por Teu Livre Pensamento”, conjunto de fotografias, documentos, desenhos, vídeos e peças/objetos do acervo do Museu e de colecções públicas e privadas e que, no seu todo, resgatam momentos marcantes da nossa história recente – a repressão e a violação dos direitos humanos pela Ditadura Militar e o Estado Novo, a Guerra Colonial, a Resistência ao Fascismo, o 25 de Abril e o Regime Democrático. Organizada pela Direcção-Geral do Património Cultural e pelo Comité Executivo do Museu de Peniche e inspirado num poema de David Mourão Ferreira (1962), “Por Teu Livre Pensamento” constitui-se numa grande homenagem aos presos políticos, às suas famílias, à população de Peniche e aos milhares de mulheres e homens que, ao longo de quase meio século, sacrificaram a liberdade e a vida na luta contra o fascismo, pela Democracia.

Apesar da exiguidade do espaço e da profusão de documentos para consulta, em contra-ciclo com um inusitado número de visitantes – os números falam em 100.000, em apenas cinco meses – esta é uma exposição que importa percorrer pausadamente, oferecendo-nos histórias e memórias que têm o seu início no golpe militar de 28 de maio de 1926 que derrubou a I República e implantou a Ditadura Militar, prossegue com o Estado Novo que teve na figura sinistra de António de Oliveira Salazar o seu grande mentor e termina com o 25 de Abril de 1974, ponto culminante da constante resistência do povo português, restituindo-lhe o direito a viver em liberdade e a poder tomar em mãos o seu destino.

Do cartaz comemorativo do 10º aniversário do 25 de Abril de 1974, da autoria de Vieira da Silva, às imagens da revolução dos cravos ou da libertação dos presos de Peniche, na madrugada do dia 27 de Abril, passando pelas biografias prisionais de muitos dos detidos em cadeias como o Aljube, Caxias ou o Tarrafal, pelos relatos da clandestinidade, dos movimentos estudantis, da luta das mulheres – notável a linogravura sobre papel representando a “Morte de Catarina Eufémia”, de José Dias Coelho – da intervenção no campo da cultura e, naturalmente, dos relatos de tortura e violência sobre os presos, bem como da histórica fuga colectiva de 03 de janeiro de 1960, onde participou Álvaro Cunhal, tudo isso pode ser apreciado ao pormenor, a par de um vasto conjunto de imagens que vão sendo disponibilizadas em vários equipamentos espalhados pela sala. Pelo seu significado e alcance, pelo que nos diz do que fomos e do que somos, “Por Teu Livre Pensamento” é uma exposição de carácter obrigatório. 25 de Abril sempre!