Páginas

terça-feira, 19 de novembro de 2019

CONCERTO: "Os Quatro e Meia"



CONCERTO: “Os Quatro e Meia”
Centro de Artes de Águeda
15 Nov 2019 | sex | 21:30


Embora o tempo chuvisquento e frio que se fazia sentir lá fora provasse o contrário, o concerto que Os Quatro e Meia ofereceram ao público de Águeda trouxe o Verão ao belíssimo Centro de Artes, ainda que pelo curto espaço de duas horas. Na sua batida refrescante, nos seus ritmos soltos, na leveza dos seus poemas e na sua contagiante e bem-humorada presença, os seis jovens da banda de Coimbra levaram o público ao encontro das melhores recordações, numa viagem mexida e descomprometida com sabor a sol e a sal. E nem seria preciso esperar por “Sentir o Sol”, um divertido tema a espalhar pela sala arpejos mozartianos, para se perceber isso mesmo. “A Manta do Teu Coração” e “Bom Rapaz”, logo a abrir as hostilidades, deram o mote para um excelente serão, com muita cabeça trepidante, muita voz ululante e muito corpo dançante.

O tema que se seguiu foi “Já Estou de Regresso, Amor”, constituindo um belo mergulho no álbum “Pontos nos Is”, já que uma boa parte da sala fez questão de mostrar o seu carinho pela banda, fazendo-se ouvir num grandioso coro - “Já estou de regresso, amor / Vim com o vento, estou quase a chegar / Já estou de regresso, amor / Vim de longe a correr para te abraçar.” Ainda na metade inicial do concerto foi possível escutar “Pontos nos Is”, “Meu Amigo, Que Saudades de te Ver”, “O Tempo Vai Esperar” e “Não Respondo por Mim”, e com eles tirar a prova dos nove ao talento destes músicos. Nas composições, como nos arranjos – aqui um ritmo batido com cheirinho a “reggae”, ali as ressonâncias da música celta a brotarem do violino, mais além, um “rap de enxada” ou “agro-rap”, para usar as expressões da própria banda –, “Os Quatro e Meia” mostraram saber o que querem ao levar a sua música por caminhos seguros, onde o tradicional e o moderno se misturam e confundem.

A segunda parte do concerto abriu com aquele que foi, quiçá, o momento de ternura por excelência da noite. “Primeiro há os humanos, depois há Deus e depois há... as mães”, explicou Tiago Nogueira, introduzindo o público no universo de quem “lê no meu olhar / ou na minha alma aberta”, para concluir, com o coração enorme de felicidade: “Minha Mãe Está Sempre Certa”. “Canção do Metro” e “Mão Cheia de Nada” precederam “A Terra Gira” e “P'ra Frente É Que É Lisboa”, esses dois enormes sucessos que a banda guardou para o final, encerrando o alinhamento em apoteose. Já no “encore”, com o público de pé e completamente eufórico, armou-se o “Baile de São Simão” e, com ele, o tão esperado “dar à perna”. É sobretudo esta alegria e boa disposição que fica do concerto, com estes três médicos, dois engenheiros e um professor a mostrarem-se extraordinários comunicadores, a cativarem pela sua espontaneidade, pelo seu entusiasmo contagiante e, acima de tudo, pela vivacidade e encanto da sua música. Valeu a pena!

[Foto: Centro de Artes de Águeda | facebook.com/centroartesagueda/]

Sem comentários:

Enviar um comentário