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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

LUGARES: Museu da Tapeçaria de Portalegre - Guy Fino


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LUGARES: Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino
Rua da Figueira, 9 – 7300-139 Portalegre
Horário | de terça a domingo, das 09h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00 (encerra em 1 de Janeiro, sexta feira Santa, Domibgo de Páscoa, 25 de Dezembro e 1º de Maio)


Não exagero se disser que este é um dos mais interessantes e valiosos museus que podemos encontrar em território nacional. Daí o conselho a que reserve duas a três horas para a visita, porque vale a pena demorar-se longamente em cada uma das peças, ao encontro da riqueza do detalhe e da sua enorme beleza decorativa. Aconselho igualmente a tirar partido do espaço que é muito bonito, a não perder os painéis explicativos que vão surgindo ao longo da visita e a prestar a devida atenção ao documentário apresentado numa das primeiras salas e onde se evocam, com enorme paixão, os nomes de Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, figuras centrais dum projecto nascido em 1946 e que conhece, actualmente, um processo de internacionalização deveras interessante, cativando um número crescente de novos pintores. Ainda um conselho a que procure complementar a visita ao Museu com uma passagem pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, também ela um museu-vivo e "estaleiro" das obras expostas no Museu.

Especificamente dedicado à apresentação, conservação e estudo de uma parcela fundamental do património artístico nacional representado pelas Tapeçarias de Portalegre, o Museu da Tapeçaria de Portalegre - Guy Fino é um local de visita obrigatório para todos quantos demandam esta belíssima parcela do território português. Inaugurado em 14 de Julho de 2001 e reintervencionado muito recentemente, o seu nome rende justa homenagem a Guy Fino, o homem que definitivamente integrou Portugal na lista dos grandes produtores internacionais de Tapeçaria. Implantado no Palácio Castelo Branco, edifício barroco situado no centro histórico de Portalegre, o Museu dispõe, para além das áreas de exposição permanente, de uma Galeria de Exposições Temporárias e de um Auditório com capacidade para 150 pessoas. A Cafetaria, o Foyer e o Jardim são espaços complementares de fruição pública, com capacidade de adaptação a diversas actividades de carácter lúdico e cultural.

Distinguindo-se pela sua técnica original e pelo facto de trabalharem com obras de artistas contemporâneos que assinam as peças como obra sua, as Tapeçarias de Portalegre são um trabalho minucioso e moroso, mas também único e original. Ao demandar o Museu, é precisamente essa realidade que salta aos olhos do visitante. Atente-se na primeira sala, ao encontro da “Tapeçaria no Feminino” e daquela que foi a primeira obra de Maria Keil para Tapeçaria de Portalegre, então com 35 anos de idade. “Pescador da Barca Bela” é um exemplo perfeito do génio da autora ao explorar em termos plásticos a poesia homónima de Almeida Garrett, mas também um marco na qualidade exclusiva do “ponto de Portalegre” e no rigor do seu processo artesanal, reconhecido por um leque alargado de artistas portugueses e internacionais que viram nele uma mais valia para as suas criações.

O Museu encontra-se dividido em dois núcleos distintos; no primeiro, correspondente ao piso térreo, apresenta-se a componente histórica relativa à Manufactura de Tapeçarias de Portalegre bem como os processos técnicos de execução deste produto tão particular, enquanto o segundo núcleo, no piso 1, é dedicado à apresentação exclusiva de obras de tapeçaria, tentando seguir, tanto quanto possível, uma linha cronológica que acompanha o desenvolvimento desta arte, desde o seu nascimento em Portalegre, em finais dos anos 40 do século XX, até à actualidade. Ao significado e beleza dos trabalhos de muitos dos maiores autores nacionais e estrangeiros, entre os quais se destacam Almada Negreiros, Guilherme Camarinha, Maria Keil, Júlio Pomar, Vieira da Silva, Maria Velez, Costa Pinheiro, Sá Nogueira, Lurdes de Castro, Eduardo Nery, Menez, Graça Morais, José de Guimarães, Jean Lurçat, Le Corbusier e muitos outros, junta-se a qualidade do bordado, conferindo um carácter único a cada trabalho em exposição, pedindo ao visitante uma atenção redobrada na apreciação de cada uma das peças. O resultado é fascinante!

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