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sábado, 21 de setembro de 2019

CONCERTO: Patxi Andión



CONCERTO: Patxi Andión
Centro de Artes de Águeda
20 Set 2019 | sex | 21:30


Estórias, memórias, sensações e um caudal de emoções marcaram o concerto de Patxi Andión na sua apresentação no Centro de Artes de Águeda na noite de ontem. Na hora de assinalar meio século sobre o lançamento do seu primeiro álbum, “Retratos”, aquele que é considerado “um dos artistas espanhóis mais portugueses de sempre” viajou pelos caminhos duma carreira intensa, ligando passado e futuro como quem abre um livro e, com amor, conta uma história. Fê-lo com a profundidade da sua voz e a força dos seus poemas, tornando o palco numa tribuna e a palavra no seu modo de clamar liberdade.

“Ai quando eu morrer não quero / Nem coroas de cravos velhos / Nem ramos de lírios secos / Que me flagelem os dedos”. Foi assim, em bom português, que Patxi Andión deu início ao concerto, oferecendo a versão do seu poema “33 Versos a Mi Muerte” delicadamente traduzido por José Carlos Ary dos Santos. E foi uma sensação indescritível, aquela voz cava e única a entranhar-se no corpo, a pôr um aperto no peito e um sorriso de felicidade na boca de quem sabe que está com os seus. Porque Patxi é “um orgulhoso português mais”, desde a sua passagem pelo programa Zip Zip, em 1969, tendo nesse mesmo dia sido expulso do país pela PIDE que lhe condenava as amizades e certamente as palavras que traduziam as suas ideias de igualdade e justiça.

Viajando entre “Retratos” - com temas incontornáveis como “La Jacinta”, “Rogelio” ou “Cancion Vieja” - e “La Hora Lobicán”, o seu mais recente trabalho de estúdio, do qual mostrou “Que Venga el Olvido!”, “Creer”, “Cae la Nieve en la Hoz del Huécar” e “La Hora Lobicán”, Patxi Andión reservou um momento especial para apontar o futuro, chamando ao palco o seu filho mais novo que cantou “Ser Mortal”, um tema da sua autoria, e ainda, “Es Tan Difícil Dejar de Pensar!”, a meias com o pai. Tempo ainda para uma sentida homenagem ao fado e a um dos seus nomes maiores, “o grande António dos Santos”, através desse incontornável “Minha Alma d'Amor Sedenta”. E, naturalmente, “El Maestro”, “Si yo Fuera Mujer”, “Canela Pura”, “María en el Corazón”, “Con Toda La Mar Detrás” e “20 Aniversario (Palabras)”, esta última a grande responsável pela bonita história de amor entre Patxi Andión e o nosso País.

O concerto terminou mas as sensações permanecem. Cá fora, o vento sopra de sul, trazendo consigo um prenúncio de chuva. “Qué helada que está esta casa / Será que está cerca el rio / O es que entramos en invierno / y están llegando los fríos”. Inesquecível!

[Foto: Paulo Homem de Melo / glam-magazine.pt]

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