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quinta-feira, 20 de junho de 2019

CONCERTO: Joan As Police Woman



CONCERTO: “Joanthology”,
por Joan As Police Woman
Auditório de Espinho – Academia
14 Jun 2019 | sex | 21:30


Na sua digressão de apresentação de “Joanthology” - colectânea de quarenta e três temas, distribuídos por três CD's e que repassa a carreira da cantora desde o inicial “Joan As Police Woman” (2004), até ao recente “Damned Devotion”, lançado no ano transacto -, Joan As Police Woman esteve no Auditório da Academia de Música de Espinho para um concerto absolutamente surpreendente. Sozinha em palco, apenas o piano ou a viola por companhia, a artista norte-americana estendeu o alinhamento por quinze canções e alguns momentos mais descontraídos de conversa com o público. Quinze canções que a “mulher polícia” interpretou sublimemente e que “algemaram” os presentes à sua música e ao seu carisma.

Abrindo ao piano a sua apresentação do novo trabalho, Joan As Police Woman teve com “To Be Lonely”, um primeiro momento de enorme emoção - “Anything for you / Anything I'd do / Shameless / I'll brave the night alone / The darkened sky, uncertain skies” - as palavras a derramarem-se da sua voz única, plenas de emoção e sensualidade. Seguiram-se “Wonderful” e “Warning Bell”, e logo o primeiro câmbio, os acordes de guitarra a fazerem-se agora ouvir, não que sem antes a expressão da sua fúria ante um microfone que teimava em não colaborar arrancasse à assistência uma sonora gargalhada. “Forever And A Year”, “Flash” e “Start Of My Heart viriam a confirmar as primeiras impressões, reforçando a ideia de uma enorme qualidade musical da cantora e adensando uma questão crucial: “Onde tenho andado eu para nunca ter prestado atenção a este nome?”

É verdade que a História nem sempre é justa com os audazes e nem sempre recompensa quem efectivamente merece. No auge da sua carreira, Peter Frampton era ouvido em toda parte, enquanto quase ninguém escutava os Velvet Underground nos melhores momentos da banda, ao passo que agora sucede exactamente o contrário. Prever quem desaparecerá do imaginário cultural ou quem será consagrado será um exercício inútil, mas se a justiça prevalecer o nome de Joan As Police Woman virá a superar o de muitos dos seus contemporâneos mais conhecidos actualmente.

O concerto prosseguiria de novo ao piano com novas belíssimas composições. Nos intimistas “Christobel” ou “Real Life” ou nos expressivos “What A World” ou “Human Condition”, o público a juntar a sua voz à da cantora neste último tema, Joan As Police Woman mostrou o quanto a sua música bebe do “soul” e da “folk”, o quanto faz lembrar o melhor de Nina Simone ou de Joni Mitchell. Tudo viria a terminar sob o signo da guitarra: “Tell Me”, “Kiss” - a “cover” que a cantora fez do mítico tema de Prince e que terá colhido a mais forte ovação da noite – e “The Magic” foram os últimos temas escutados no alinhamento preparado para esta noite, prolongado por uma vinda ao palco para, ao piano, se escutar “Ride” e “Your Song”, num muito saudado “encore”. A elegância da música, a riqueza dos poemas e um misto de inocência e liberdade que se desprende dum espírito indomável, foram as marcas fortes duma noite que, repito, foi uma bela surpresa.

[Foto: facebook.com/auditoriodeespinhoacademia/]

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