EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Soños"

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Exposição de Fotografia: “Soños”,

de Miguel Vidal

Centro Português de Fotografia

01 Mar > 05 Mai 2019

“A única maneira de esvaziar-se de amor
É encher-se de silêncio”

La soledad. Elvira Sastre

De que matéria são feitos os sonhos? Não é certo que esta interrogação esteja na origem do projecto de Miguel Vidal, consubstanciado numa exposição que abarca imagens separadas entre si quase três décadas. Mas pode funcionar como um bom ponto de partida para aqueles que, franqueando as pesadas portas do Centro Português de Fotografia, se dispuserem a apreciar “Soños”, conjunto de 35 belíssimas fotografias a cores e a preto e branco, distribuídas por três espaços distintos, cada um dos quais albergando um tema diferente – “The Farm”, “Room 111” e “Meeting Point”.

Atentemos nas fotografias e na sua profunda teatralidade. Os cenários que se abrem ao nosso olhar revelam a identidade de pessoas livres num mundo nascido de sonhos. É aí que iremos encontrar respostas à questão inicial, de tal forma o trabalho do fotógrafo aponta para o que se sabe ou que apenas se intui, para corporeidades e materialidades, para o que há de mais privado e inominável no ser humano. É nesse lugar de possibilidades, criado a cada vez que o viver humano atinge um ponto limite, seja ele o da realidade ou da elusiva fronteira do inconsciente, que “Soños” nos aborda, enigmático e paradoxal, apelando a uma descodificação

Um quarto de hotel, uma natureza limite entre o mar e a terra ou uma quinta abandonada são os catalisadores de todas as emoções, o lugar indicado pelo artista para que um corpo, para que uma pele, surja como um ensurdecedor grito, sempre silencioso, sempre contido, mas com uma força que inquieta o espectador. Nessa pele vislumbramos um novo ser cujo reino se afirma no território dos sonhos: o da verdade – aquele que a nossa sociedade tantas vezes marginaliza, temerosa das suas consequências. Um território feito de símbolos em que nos enfrentamos para nos descobrirmos, para nos compreendermos, para nos aceitarmos.