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sábado, 23 de março de 2019

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Grid Cities - Pombaline"


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Exposição de Fotografia: “Grid Cities – Pombaline”,
de John Frederick Anderson
Centro Português de Fotografia
16 Nov 2018 > 05 Mai 2019


No dia 1 de novembro de 1755 um violento terramoto, seguido de um “tsunami” e de uma série de incêndios, destruiu o centro de Lisboa. O Paço Real, a Casa da Índia, palácios da aristocracia, a nova Casa da Ópera que se construía então, obras de arte e tesouros reais, perderam-se irremediavelmente. Das ruínas da Lisboa medieval, viria a renascer uma zona redesenhada numa escala moderna e funcional, conhecida como “Baixa Pombalina”, levantada graças à vontade e ao pragmatismo do poderoso Ministro de D. José I, Marquês de Pombal. Se é verdade que a monumentalidade dos seus edifícios, representativos de uma nova ordem social que valorizava a classe comerciante e financeira, não é deveras impressionante, não é menos verdade que a harmonia do conjunto, as ruas perpendiculares donde se vislumbra o rio Tejo, as lojas de comércio tradicional e um espólio monumental de certo valor, são marcas identitárias duma Lisboa que cresce e se reinventa a cada dia que passa.

É desta Lisboa Pombalina, mas também de Vila Real de Santo António, localidade traçada em moldes idênticos, as ruas em perfeita quadrícula nas direcções cardeais, que nos fala John Frederick Anderson em “Grid Cities – Pombaline”. Cada imagem fotográfica da série divide secções arquitectónicas da cidade planeada do século XVIII e as estruturas modernas que surgiram desde então, como grelhas que se misturam para formar conjuntos orgânicos, evidenciando as marcas do tempo gravadas nas superfícies urbanas. Em termos técnicos, estamos perante impressões que englobam três ou quatro imagens individuais sobrepostas por intermédio de exposições múltiplas. O resultado é um mosaico de riqueza fascinante, as combinações de texturas formando novas camadas de significados e oferecendo ao visitante a possibilidade de desfrutar de um novo fôlego de vida proposto pelo espírito da arquitectura Pombalina, graças ao olhar atento, engenhoso e imaginativo do fotógrafo.

Realizados entre 2010 e 2011, os dezoito trabalhos que integram esta exposição remetem para uma Lisboa que poderia ser qualquer outro lugar no mundo. As nossas jornadas de vida desenham um mapa de traços e olhares que fazem com que desenvolvamos uma visão panorâmica que contempla uma miríade de ligações em espaços estruturados. Estamos sempre coordenados, gravamos, esquecemos, mas estamos sempre à procura. Dirigindo o nosso olhar para fora, logo observamos o movimento na grelha e aquilo que percebemos define quem verdadeiramente somos. Ainda que algumas imagens remetam de imediato para espaços reconhecíveis, esta é uma mostra que deve ser vista demoradamente. Há uma infinidade de pormenores a reclamarem a atenção do visitante e na sua descoberta reside um dos grandes fascínios desta exposição. A ver até 05 de Maio!

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