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Exposição de Fotografia: “Grid
Cities – Pombaline”,
de John Frederick Anderson
Centro Português de Fotografia
16 Nov 2018 > 05 Mai 2019
No dia 1 de novembro de 1755 um
violento terramoto, seguido de um “tsunami” e de uma série de
incêndios, destruiu o centro de Lisboa. O Paço Real, a Casa da
Índia, palácios da aristocracia, a nova Casa da Ópera que se
construía então, obras de arte e tesouros reais, perderam-se
irremediavelmente. Das ruínas da Lisboa medieval, viria a renascer
uma zona redesenhada numa escala moderna e funcional, conhecida como
“Baixa Pombalina”, levantada graças à vontade e ao pragmatismo
do poderoso Ministro de D. José I, Marquês de Pombal. Se é verdade
que a monumentalidade dos seus edifícios, representativos de uma
nova ordem social que valorizava a classe comerciante e financeira, não
é deveras impressionante, não é menos verdade que a harmonia do
conjunto, as ruas perpendiculares donde se vislumbra o rio Tejo, as
lojas de comércio tradicional e um espólio monumental de certo valor, são marcas identitárias duma Lisboa que cresce e se
reinventa a cada dia que passa.
É desta Lisboa Pombalina, mas também
de Vila Real de Santo António, localidade traçada em moldes
idênticos, as ruas em perfeita quadrícula nas direcções cardeais,
que nos fala John Frederick Anderson em “Grid Cities –
Pombaline”. Cada imagem fotográfica da série divide secções
arquitectónicas da cidade planeada do século XVIII e as estruturas
modernas que surgiram desde então, como grelhas que se misturam para
formar conjuntos orgânicos, evidenciando as marcas do tempo gravadas
nas superfícies urbanas. Em termos técnicos, estamos perante
impressões que englobam três ou quatro imagens individuais
sobrepostas por intermédio de exposições múltiplas. O resultado é
um mosaico de riqueza fascinante, as combinações de texturas
formando novas camadas de significados e oferecendo ao visitante a
possibilidade de desfrutar de um novo fôlego de vida proposto pelo
espírito da arquitectura Pombalina, graças ao olhar atento,
engenhoso e imaginativo do fotógrafo.
Realizados entre 2010 e 2011, os
dezoito trabalhos que integram esta exposição remetem para uma
Lisboa que poderia ser qualquer outro lugar no mundo. As nossas
jornadas de vida desenham um mapa de traços e olhares que fazem com que desenvolvamos uma visão panorâmica que contempla uma miríade de
ligações em espaços estruturados. Estamos sempre coordenados,
gravamos, esquecemos, mas estamos sempre à procura. Dirigindo o
nosso olhar para fora, logo observamos o movimento na grelha e aquilo
que percebemos define quem verdadeiramente somos. Ainda que algumas
imagens remetam de imediato para espaços reconhecíveis, esta é
uma mostra que deve ser vista demoradamente. Há uma infinidade
de pormenores a reclamarem a atenção do visitante e na sua
descoberta reside um dos grandes fascínios desta exposição. A ver até 05
de Maio!
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