CONCERTO: Sara Tavares
“Concertos Íntimos”
Cine-Teatro de Estarreja
19 Jan 2019 | Sab | 21:30
Foi uma casa cheia aquela que deu as
boas vindas a Sara Tavares no primeiro “Concerto Íntimo” deste
novo ano no Cine-Teatro de Estarreja. Ao carinho do público, respondeu a cantora e compositora
portuguesa de ascendência cabo-verdiana com a sua magnífica voz e
com uma postura cativante, mantendo um diálogo constante com os
presentes, partilhando com eles histórias e memórias e
convidando-os a “mexer o esqueleto” ao som da sua música.
Quebrado o “friozinho” inicial, o público foi-se soltando,
batendo palmas, afinando a voz e ensaiando refrões, chegando ao final do concerto de
alma cheia, de pé e a dançar, numa demonstração clara de completa
adesão às propostas da cantora.
Quinto álbum de Sara Tavares,
“Fitxadu” (“fechado”, em crioulo cabo-verdiano) foi a
verdadeira “espinha dorsal” dum alinhamento que incluiu quinze
temas (um dos quais interpretado na única vez que a cantora
regressou ao palco) e se saldou por cem minutos de harmonia, alegria
e ritmo. Cavalgando uma “Onda de Som”, “So Sabi” deu o mote,
a cantora a explicar que as duas palavras, em crioulo, representam
“um estado de espírito” e significam “estar livre, relaxado,
num estado de alma de bem consigo mesmo, de aceitação”. E foi
assim nesta música, como nos intimistas “Para Sempre Amor” - com
letra e música de Bilan – e “Ter Peito e Espaço”.
Seguiu-se o lindíssimo “Brincar de Casamento”, um poema doce e
delicado - “Podemos aproveitar / Podemos então largar / Essa
manha, esse vai não vem / Que nos demora / Quero buscar dentro de ti
todo um incêndio” -, a mente a libertar-se das agruras do mundo e
a mergulhar num mar de calma e de felicidade.
Depois de “Ginga”, uma morna longa
e apaixonada, Sara Tavares deixou por momentos o álbum “Fitxadu”,
recuando a 2005 e a um dos seus maiores êxitos, “Balancê” (tema
que dá nome ao seu segundo álbum de estúdio), aproveitando a deixa para descobrir uma Maria José
entre a assistência. Ao álbum “Xinti” (2009), foi a cantora
buscar “Ponto de Luz”, outro dos seus temas mais queridos,
assim como “Problema de Expressão”, “roubado” a Carlos Tê e
aos Clã, um tema que abre o álbum “Voz e Guitarra 2”, de 2013.
“Coisas Bunitas” marcou o regresso a “Fitxadu”, seguido de
“Bué (Você é...)”, de “Flutuar” - “Quando Deus bate
palmas, a gente dança / Quando Deus bate palmas, o mundo balança”
-, ainda do popularíssimo “Bom Feeling” e do tema que dá nome
ao álbum, a marcar um final batido, vivido e sentido. Prestes a completar 41 anos, Sara Tavares demonstra uma forma invejável, mais solta em palco, sempre positiva, a mexer e a fazer mexer. Junta isso á sua lindíssima voz, o que faz de cada concerto um momento de alegria e de compromisso com a música. Um momento feliz!
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