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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Jorge Bacelar


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: Jorge Bacelar
Casa da Cultura de Figueira de Castelo Rodrigo
02 Set > 30 Nov 2018


De Jorge Bacelar já aqui falei no Blogue, a propósito da magnífica exposição de fotografia que esteve patente no Museu de Ovar no passado mês de Fevereiro [ver AQUI]. Na altura, considerei-a um dos grandes acontecimentos culturais do concelho em 2018 e, quanto mais o ano se aproxima do fim, mais essa convicção sai reforçada. Eis que surge, entretanto, uma nova oportunidade para apreciar o génio e talento do artista, desta vez graças a uma mostra na Casa da Cultura da sua terra natal, Figueira de Castelo Rodrigo. É aí que voltamos a ser tocados pelo rigor e lucidez do seu olhar, traduzido em imagens prenhes de sentimento telúrico, o amor à terra surgindo de novo como uma das suas mais fortes marcas identitárias.

Nascido a 12 de junho de 1966, veterinário de profissão exercendo em Estarreja e na Murtosa, Jorge Bacelar encontrou nos agricultores e nos seus animais uma verdadeira fonte de inspiração desde que conheceu a fotografia, em 2013. Com eles manteve e aprofundou uma relação de afecto e cumplicidade, criando um mundo percorrido e vivido palmo a palmo, os seus poemas visuais levando o coração da terra a pulsar nas mãos e no olhar de cada um dos retratados. Não admira, pois, que cada uma das suas imagens surja intimamente ligada ao canto da terra dura e bravia e aos seus valores de integridade, sobriedade e grandeza. São imagens que cantam as coisas mais elementares, que fazem a apologia da terra firme e das raízes que nela se cravam, pilares sólidos que sustentam a própria condição humana.

Português, ibérico, cidadão do mundo, mas sobretudo um beirão, Jorge Bacelar quis homenagear, na figura das suas gentes, a terra que o viu nascer. Ao correr duma comovente série de vinte e sete retratos, o artista faz-nos provar o ar que se respira no planalto interior, de Almofala ao Colmeal, da Vermiosa à Mata de Lobos ou a Escalhão. Esse ar que entra no sangue e circula nas veias, que traz o plasma da sua herança rural e das tradições ancestrais, que testemunha os ciclos de perpetuação da natureza e carrega os vínculos da memória colectiva. Um ar gélido ou abrasador, sem meios termos, que molda os rostos e os sulca das mesmas rugas da terra, traduzindo-os em expressões de melancolia ou de angústia latente, de bondade resignada ou em breves surtos de alegria e felicidade. Uma exposição absolutamente imperdível!


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