EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA
de Jorge Bacelar
Museu de Ovar
03 Fev > 03 Mar 2018
Está patente desde o passado dia 3
de Fevereiro, no Museu de Ovar, a Exposição de Fotografia de Jorge
Bacelar, série de 39 retratos que fazem incidir o olhar sensível do
artista sobre uma ruralidade na qual faz questão de se incluir.
Veterinário de profissão na Murtosa, em pleno coração da região
do Baixo Vouga Lagunar, Jorge Bacelar estabelece com as gentes do
campo uma rara cumplicidade, retratando-as de forma a sublinhar o que
de mais puro existe na sua essência e acrescentando dignidade e
solenidade a cada rosto, a cada gesto.
Jorge Bacelar tem esse raro dom de
combinar o olhar realista com a utilização dramática da luz.
Deste ponto de vista, o artista está para a fotografia como
Michelangelo Merisi da Caravaggio está para a pintura. As suas obras propõem um
naturalismo estrito, assente em ambientes entre o real e o encenado e
numa cuidada observação física dos sujeitos retratados – as
mãos, por exemplo, são superiormente evidenciadas pela sua
fotografia. Esta teatralidade particular dos “quadros”, é
reforçada pelo excepcional domínio do claro-obscuro - Caravaggio, precisamente -, fazendo com que as zonas de sombra se “esbatam”
por completo, ao mesmo tempo que os sujeitos são trespassados por
uma luz divina.
Há na fotografia de Jorge Bacelar
uma dimensão eminentemente bíblica. No gesto de pegar ao colo um
galo ou de colocar aos ombros um cabrito, no afagar com as mãos
calosas o rosto duma criança, no levar à boca uma fatia de melancia
ou no partir a broa, não há qualquer nostalgia ou fatalismo, apenas ternura. É a
natureza a dar largas ao seu livre curso, fundado nos mistérios da
Criação. O que Bacelar dá a ver é, tão somente, o profundo
respeito do homem pela terra de onde retira os seus proventos, o que
remete para um ideal de pureza que o (nos) aproxima de Deus. Mas o
melhor é cada um tomar o rumo do Museu de Ovar e avaliar por si. As
obras estarão expostas por um período de tempo reduzido e convém anotar sem demora na agenda esta quase obrigação, sob pena de se vir a perder aquele que
será, sem sombra de dúvida, um dos grandes momentos culturais de
2018 no Concelho de Ovar!
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