Páginas

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

EXPOSIÇÃO: "As Ilhas do Ouro Branco"



EXPOSIÇÃO: “As Ilhas do Ouro Branco”
Encomenda Artística na Madeira nos Séculos XV e XVI
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
16 Nov 2017 > 18 Mar 2018


A introdução do cultivo da cana-de-açúcar no arquipélago da Madeira, nos finais da primeira metade do século XV, e o desenvolvimento dessa produção em larga escala, permitiram a exportação de açúcar para os portos da Flandres, primeiro através de Lisboa, depois diretamente. Aumentou, assim, por toda a Europa, o consumo do «ouro branco», alterando hábitos alimentares e algumas práticas medicinais. Em paralelo, cresceu a importação para o arquipélago de bens destinados a satisfazer as devoções e a definir o estatuto social dos novos grupos populacionais constituídos à sombra dos canaviais e da economia açucareira.
 
Geograficamente isolado, em pleno Atlântico – no espaço ambíguo proporcionado pela ligação directa ao senhorio régio e pelo poder económico das elites que se foram estabelecendo e gerando redes comerciais -, o Arquipélago da Madeira conquistou, no território nacional, uma posição ela mesma ambígua, entre capital e província. Esta a razão da qualidade, quantidade e opulência do património artístico aí acumulado, apenas superado pela arte consumida no círculo directo da corte.
 
Marcando o arranque das Comemorações dos 600 Anos do Descobrimento da Madeira e Porto Santo, esta embaixada cultural do arquipélago em Lisboa é constituída por 86 obras de arte, agora patentes no Museu Nacional de Arte Antiga. Ao longo de uma narrativa que parte do espanto dos primeiros navegadores perante o novo território e prossegue com a evocação do esforço do povoamento e da implantação de estruturas económicas e administrativas no arquipélago, esta exposição dá a conhecer as elites comitentes locais através das suas encomendas – obras de pintura, escultura ou ourivesaria – provenientes da Flandres, do continente e até do Oriente.
 
Ilustrando a diversidade e a grandiosidade das encomendas e a sua ampla distribuição pelo território das duas grandes capitanias em que se dividiu a ilha da Madeira – Funchal e Machico -, expõem-se, no último núcleo desta mostra, algumas das mais destacadas obras-primas, como a Cruz Processional da Sé, a Virgem chamada de D. Manuel, do Machico, ou os conjuntos retabulares de grandes dimensões realizados para capelas da Sé do Funchal, para conventos urbanos ou mesmo para pequenas e médias igrejas paroquiais, como as da Ribeira Brava, da Madalena do Mar e da Calheta. No seu conjunto, permitem realizar uma síntese de toda a narrativa da exposição, documentando, com particular brilho, a riqueza do património madeirense dos séculos XV e XVI que resultou do esplendor cultural proporcionado pelo ciclo económico do “ouro branco”.

Sem comentários:

Enviar um comentário