EXPOSIÇÃO: “As Ilhas do Ouro
Branco”
Encomenda Artística na Madeira
nos Séculos XV e XVI
Museu Nacional de Arte Antiga,
Lisboa
16 Nov 2017 > 18 Mar 2018
A introdução do cultivo da
cana-de-açúcar no arquipélago da Madeira, nos finais da primeira
metade do século XV, e o desenvolvimento dessa produção em larga
escala, permitiram a exportação de açúcar para os portos da
Flandres, primeiro através de Lisboa, depois diretamente. Aumentou,
assim, por toda a Europa, o consumo do «ouro branco», alterando
hábitos alimentares e algumas práticas medicinais. Em paralelo,
cresceu a importação para o arquipélago de bens destinados a
satisfazer as devoções e a definir o estatuto social dos novos
grupos populacionais constituídos à sombra dos canaviais e da
economia açucareira.
Geograficamente isolado, em pleno
Atlântico – no espaço ambíguo proporcionado pela ligação
directa ao senhorio régio e pelo poder económico das elites que se
foram estabelecendo e gerando redes comerciais -, o Arquipélago da
Madeira conquistou, no território nacional, uma posição ela mesma
ambígua, entre capital e província. Esta a razão da qualidade,
quantidade e opulência do património artístico aí acumulado,
apenas superado pela arte consumida no círculo directo da
corte.
Marcando o arranque das Comemorações dos 600 Anos do
Descobrimento da Madeira e Porto Santo, esta embaixada cultural do
arquipélago em Lisboa é constituída por 86 obras de arte, agora
patentes no Museu Nacional de Arte Antiga. Ao longo de uma narrativa
que parte do espanto dos primeiros navegadores perante o novo
território e prossegue com a evocação do esforço do povoamento e
da implantação de estruturas económicas e administrativas no
arquipélago, esta exposição dá a conhecer as elites comitentes
locais através das suas encomendas – obras de pintura, escultura
ou ourivesaria – provenientes da Flandres, do continente e até do
Oriente.
Ilustrando a diversidade e a
grandiosidade das encomendas e a sua ampla distribuição pelo
território das duas grandes capitanias em que se dividiu a ilha da
Madeira – Funchal e Machico -, expõem-se, no último núcleo desta
mostra, algumas das mais destacadas obras-primas, como a Cruz
Processional da Sé, a Virgem chamada de D. Manuel, do Machico, ou os
conjuntos retabulares de grandes dimensões realizados para capelas
da Sé do Funchal, para conventos urbanos ou mesmo para pequenas e
médias igrejas paroquiais, como as da Ribeira Brava, da Madalena do
Mar e da Calheta. No seu conjunto, permitem realizar uma síntese de
toda a narrativa da exposição, documentando, com particular brilho,
a riqueza do património madeirense dos séculos XV e XVI que
resultou do esplendor cultural proporcionado pelo ciclo económico do
“ouro branco”.
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