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sábado, 29 de setembro de 2018

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Robert Mapplethorpe Pictures"


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EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Robert Mapplethorpe Pictures”,
Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto
20 Set > 06 Jan 2018


Com tanto ruído à volta de Robert Mapplethorpe e da exposição de fotografia patente no Museu de Serralves - “fotos explícitas, salas interditadas, director demissionário”, anuncia o Diário de Notícias -, fácil será deixarmo-nos dominar pelo acessório, desviando a atenção do essencial. E o essencial é, neste caso, estarmos perante um dos mais notáveis artistas do século XX, um fotógrafo cujo trabalho redefiniu os limites do erotismo, expondo a beleza daquilo que por muitos era – desgraçadamente ainda é – considerado simplesmente inaceitável. Essencial esse que esta exposição não só confirma como amplia, nomeadamente pela afirmação das diferenças, tanto da identidade de género como das orientações sexuais, resultando numa experiência impactante e deveras enriquecedora.

Organizada em estreita colaboração com a Robert Mapplethorpe Foundation, “Robert Mapplethorpe Pictures reúne 159 obras que cobrem toda a carreira artística do fotógrafo, desde as primeiras colagens e polaroides até às fotografias de flores, nus, retratos e imagens de cariz sexual. Particularmente belas, as obras correspondentes ao período a partir de 1975 – altura em que começa a trabalhar com uma câmara Hasselblad totalmente manual, cujo visor delimita o mundo num quadrado – resultam de exposições longas e de composições metodicamente dispostas e ordenadas em estúdio, cujos equilíbrio, ordem e conteúdo redefiniram a fotografia como forma artística. São, no essencial, obras depuradas do ponto de vista estético, que ajudam a contextualizar socialmente uma época e, sobretudo, cumprem um dos mais importantes desígnios da arte, no seu todo, o de aniquilar o preconceito.

Mantendo o foco no essencial desta exposição, o nosso olhar recai sobre o rosto doce de Isabella Rossellini e percebemos o quão sensível é o olhar do artista para nos oferecer uma imagem de tamanha dimensão estética, com tanta pureza. E que dizer da imagem que sobrepõe as cabeças de Ken Moody e Robert Sherman, preto e branco unidos numa só cor? Ou das mãos de Lowell Smith que abraçam aquilo que parece ser a porta dum armário? Ou do olhar de Dennis Speight, a mão erguida à altura do rosto, uma sombra na diagonal por detrás da composição? (Ou das icónicas imagens de Patti Smith, Arnold Schwarzenegger, Marianne Faithfull, Iggy Pop, Andy Warhol, Richard Gere, Susan Sarandon ou William Burroughs, entre muitas outras?). Julgo que não há muito mais a dizer. “Robert Mapplethorpe Pictures” é uma exposição notável, que nos permite perceber, em toda a sua dimensão, um artista e uma obra notáveis. Vale bem a deslocação a Serralves!

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