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quarta-feira, 16 de maio de 2018

ESPAÇOS: Sinagoga Kadoorie - Mekor Haim



ESPAÇOS: Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim
Localização | Rua Guerra Junqueiro, Porto
Horário | Domingo a Sexta feira, das 14:00 às 17:30 (visita com marcação)


Sede da Comunidade Israelita do Porto, a Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim (“Fonte da Vida”) situa-se na Rua Guerra Junqueiro e é a maior da Península Ibérica. O início da sua construção teve lugar em 1929 e foi concluída nove anos mais tarde, em grande medida graças aos muitos fundos doados pela comunidade judaica internacional mas, particularmente, pelos Kadoorie, uma família de Hong Kong que quis, desta forma, honrar a memória de Laura Kadoorie, descendente de portugueses. Trata-se de um edifício de características Art Deco, de linhas e dimensões invulgares, com traço dos Arquitectos Arthur de Almeida Júnior, Augusto Santos Malta e, muito provavelmente, Mestre Rogério de Azevedo.

A história da Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim encontra-se intrinsecamente ligada à vida e obra do seu fundador, o capitão Artur Barros Basto, um oficial do exército português convertido ao Judaísmo em 1920. Tendo-se estabelecido no Porto em 1921, conseguiu reunir à sua volta cerca de vinte judeus asquenazim, originários da Alemanha, Lituânia, Polónia e Rússia, fundando em 1923 a Comunidade Israelita do Porto. A inauguração da Sinagoga em vésperas do início da II Guerra Mundial permitiu abrigar temporariamente centenas de judeus que encontraram no Porto um ponto de passagem para paragens mais tranquilas e distantes das zonas de conflito. Barros Basto viria a ser julgado em 1937 pelo Conselho Superior de Disciplina do Exército e afastado da instituição militar por participar nas cerimónias de circuncisão dos alunos do Instituto Teológico Israelita do Porto, facto que aquele Conselho considerou “imoral”. Só em 29 de Fevereiro de 2012 o nome de Barros Basto foi reabilitado, no seguimento de uma petição apresentada à Assembleia da República, pela neta, a 31 de Outubro de 2011.

Apresentando a austeridade natural de um local de culto, o interior da Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim integra uma profusão de elementos decorativos de estilo marroquino-sefardita, desde as letras hebraicas contendo passagens da Torah, aos cerca de 20 mil azulejos, todos portugueses e pintados à mão que recobrem parte das suas paredes. Coberta por uma cortina com dois leões bordados, a arca sagrada contém a Torah que é retirada para os serviços religiosos e está sempre virada para Jerusalém, como manda a tradição. Durante o serviço religioso, os homens são os únicos que podem ficar na parte principal do templo, no rés-do-chão. As mulheres ficam em cima, num primeiro andar em redor do espaço central. Para se entrar na sinagoga, a tradição obriga ao uso de kippah na cabeça e durante a oração um judeu deve ter sempre a cabeça coberta em sinal de respeito a Deus. Todos os serviços são em hebraico e fechados ao público.

A Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim integra ainda um Museu Judaico onde é possível encontrar pedaços da história do Judaísmo e das perseguições a que os judeus foram sujeitos em Portugal. Numa das salas é possível apreciar o local onde funcionou, logo nos primeiros dias do edifício que mais tarde se tornou sinagoga, uma escola. Entre 1930 e 1935, o Instituto Teológico Israelita, criado em regime de internato, teve ali as suas instalações. Chegou a ter 80 alunos e é possível ver carteiras antigas, o quadro de madeira preto e vários mapas. Além de diversos objetcos, como uma cadeira onde se realizavam as circuncisões e muitos documentos e fotos, há outros motivos de interesse como uma lista de 842 nomes de vítimas da Inquisição entre 1541 e 1737, só da zona do Porto. Ocupam também lugar de destaque registos documentais provenientes de Hong Kong sobre a família de beneméritos Kadoorie e a sua ligação aos judeus do Porto.

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