ESPAÇOS: Sinagoga Kadoorie – Mekor
Haim
Localização | Rua Guerra Junqueiro,
Porto
Horário | Domingo a Sexta feira, das
14:00 às 17:30 (visita com marcação)
Sede da Comunidade Israelita do Porto,
a Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim (“Fonte da Vida”) situa-se na
Rua Guerra Junqueiro e é a maior da Península Ibérica. O início da
sua construção teve lugar em 1929 e foi concluída nove anos mais
tarde, em grande medida graças aos muitos fundos doados pela
comunidade judaica internacional mas, particularmente, pelos
Kadoorie, uma família de Hong Kong que quis, desta forma, honrar a
memória de Laura Kadoorie, descendente de portugueses. Trata-se de
um edifício de características Art Deco, de linhas e dimensões
invulgares, com traço dos Arquitectos Arthur de Almeida Júnior,
Augusto Santos Malta e, muito provavelmente, Mestre Rogério de
Azevedo.
A história da Sinagoga Kadoorie –
Mekor Haim encontra-se intrinsecamente ligada à vida e obra do seu
fundador, o capitão Artur Barros Basto, um oficial do exército
português convertido ao Judaísmo em 1920. Tendo-se estabelecido no
Porto em 1921, conseguiu reunir à sua volta cerca de vinte judeus
asquenazim, originários da Alemanha, Lituânia, Polónia e Rússia,
fundando em 1923 a Comunidade Israelita do Porto. A inauguração da
Sinagoga em vésperas do início da II Guerra Mundial permitiu
abrigar temporariamente centenas de judeus que encontraram no Porto
um ponto de passagem para paragens mais tranquilas e distantes das
zonas de conflito. Barros Basto viria a ser julgado em 1937 pelo
Conselho Superior de Disciplina do Exército e afastado da
instituição militar por participar nas cerimónias de circuncisão
dos alunos do Instituto Teológico Israelita do Porto, facto que
aquele Conselho considerou “imoral”. Só em 29 de Fevereiro de
2012 o nome de Barros Basto foi reabilitado, no seguimento de uma
petição apresentada à Assembleia da República, pela neta, a 31 de
Outubro de 2011.
Apresentando a austeridade natural de
um local de culto, o interior da Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim
integra uma profusão de elementos decorativos de estilo
marroquino-sefardita, desde as letras hebraicas
contendo passagens da Torah, aos cerca de 20 mil azulejos, todos
portugueses e pintados à mão que recobrem parte das suas paredes. Coberta por uma cortina com dois
leões bordados, a arca sagrada contém a Torah que é retirada para
os serviços religiosos e está sempre virada para Jerusalém, como
manda a tradição. Durante o serviço religioso, os homens são os
únicos que podem ficar na parte principal do templo, no rés-do-chão.
As mulheres ficam em cima, num primeiro andar em redor do espaço
central. Para se entrar na sinagoga, a tradição obriga ao uso de
kippah na cabeça e durante a oração um judeu deve ter sempre a
cabeça coberta em sinal de respeito a Deus. Todos os serviços são
em hebraico e fechados ao público.
A Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim
integra ainda um Museu Judaico onde é possível encontrar pedaços
da história do Judaísmo e das perseguições a que os judeus foram
sujeitos em Portugal. Numa das salas é possível apreciar o local
onde funcionou, logo nos primeiros dias do edifício que mais tarde
se tornou sinagoga, uma escola. Entre 1930 e 1935, o Instituto
Teológico Israelita, criado em regime de internato, teve ali as suas
instalações. Chegou a ter 80 alunos e é possível ver carteiras
antigas, o quadro de madeira preto e vários mapas. Além de diversos
objetcos, como uma cadeira onde se realizavam as circuncisões e
muitos documentos e fotos, há outros motivos de interesse como uma
lista de 842 nomes de vítimas da Inquisição entre 1541 e 1737, só
da zona do Porto. Ocupam também lugar de destaque registos
documentais provenientes de Hong Kong sobre a família de beneméritos
Kadoorie e a sua ligação aos judeus do Porto.
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