LIVRO: “Nenhuma Verdade se
Escreve no Singular”,
de Cláudia Cruz Santos
Ed. Bertrand Editora, Setembro de
2017
Em “Nenhuma Verdade se Escreve no
Singular” há carros topo de gama, casas de alterne e whisky barato
vendido como se fosse caro. Há histórias de futebol e homens que
decidem quem ganha e quem perde. Há negócios escuros, imigração
ilegal e máfias do Leste. Há famílias desestruturadas e crianças
institucionalizadas. Há juizes e tribunais, arguidos e testemunhas,
culpados e absolvidos. E há a prisão, vista como um azar: nuns dias
tem-se sorte, noutros não.
É nos corredores da justiça que se passa este romance de estreia de Cláudia Cruz Santos, um livro que fala de liberdade, do seu valor e do seu preço, da sua relevância social, do seu significado individual. Tirando partido da liberdade que a ficção confere, a escritora despe-se de formalismos técnicos e partilha com o leitor comum as suas inquietações, as suas dúvidas e receios, a sua angústia. No viveiro de histórias e memórias que se derramam dum quotidiano fértil, encontra a escritora a matéria-prima para este seu romance, questionando-se – e aos leitores – sobre os méritos e deméritos (mais estes do que aqueles) do sistema judicial português. Ao mesmo tempo, veste o romance duma dimensão pessoal vincadamente auto-biográfica, alicerçada na figura de Amália, uma juíza que vamos conhecendo melhor nas suas longas noites de insónia.
É nos corredores da justiça que se passa este romance de estreia de Cláudia Cruz Santos, um livro que fala de liberdade, do seu valor e do seu preço, da sua relevância social, do seu significado individual. Tirando partido da liberdade que a ficção confere, a escritora despe-se de formalismos técnicos e partilha com o leitor comum as suas inquietações, as suas dúvidas e receios, a sua angústia. No viveiro de histórias e memórias que se derramam dum quotidiano fértil, encontra a escritora a matéria-prima para este seu romance, questionando-se – e aos leitores – sobre os méritos e deméritos (mais estes do que aqueles) do sistema judicial português. Ao mesmo tempo, veste o romance duma dimensão pessoal vincadamente auto-biográfica, alicerçada na figura de Amália, uma juíza que vamos conhecendo melhor nas suas longas noites de insónia.
Nesta sua primeira obra, Cláudia
Cruz Santos não consegue disfarçar a ansiedade de querer contar tudo o que lhe vai na alma. Do ponto de vista formal,
“Nenhuma Verdade se Escreve no Singular” acaba por ser
quase um livro de contos, onde até mesmo a história central – a relação de Amália com Marta, uma criança de 13 anos
em processo de desinstitucionalização – configura um novo conto e não exactamente o fio
condutor do romance, como se pensaria. Há momentos de enorme
intensidade e beleza neste livro (as palavras duma mãe que
testemunha em favor do filho, jogador de futebol apanhado nas malhas da
corrupção é um dos mais impressivos exemplos), mas há também
momentos que parecem estar ali a mais (nomeadamente umas férias em Marraquexe). E depois não há
nada que prepare o leitor para aquele final, sabendo mais a remedeio que a solução plena. Se as coisas boas do livro não
apagam as menos boas, não é menos verdade que há muito de
apelativo na escrita de Cláudia Cruz Santos, o que nos obriga a estarmos atentos a esta autora e a aguardar por novo romance.
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