EXPOSIÇÃO: “D'Idalécio...
Todos Temos um Pouco”,
de Idalécio
Galeria Cruzes Canhoto | Rua
Miguel Bombarda, 452 – Porto
Abre diariamente às 10:00 (às
vezes às 11:00, outras vezes não abre). Fecha às 19:00 (às vezes
às 20:00, outras vezes não fecha)
Quando se juntam arte bruta, arte
primitiva e arte popular, isso é... Cruzes Canhoto. Assim mesmo, a
Galeria ao fundo da Miguel Bombarda, única no seu género na
Península Ibérica e onde se esconde todo um mundo marginal, pleno
de magia, mito e fantasia, à espera de ser descoberto. Criadas por
pessoas com universos mentais absolutamente singulares – na sua
maioria auto-didactas que se exprimem de forma intuitiva, sem
pretensões comerciais ou ambições de celebridade – as peças
exibidas na Galeria constituem um universo fantástico, de cores e
formas fora do comum, com origem nas entranhas mais profundas e
remotas da natureza humana.
É lá que é possível descobrir Idalécio,
metalúrgico sexagenário, um artista auto-didacta, agora apresentado
pela primeira vez ao público na exposição “D'Idalécio... Todos
Temos um Pouco”. As suas esculturas, sobretudo as mais recentes, são quase todas monocromáticas e construídas com pedaços toscos de madeira, usando como ferramenta quase em exclusivo um machado, o que lhes confere um aspecto bruto, primitivo e minimal. Por outro lado, as suas telas, apesar de marcadas por figurações
exuberantes e maximalistas, são definidas por traços seguros e por
uma combinação de cores irrepreensível, qualquer que seja a paleta
escolhida, numa construção harmoniosa e elegante.
Artista pop e populista, surreal e
tropicalista, Idalécio inspira-se fortemente na arte popular
portuguesa, de que é apreciável conhecedor, sendo um habitual
frequentador das festas, romarias e feiras de artesanato que se
realizam por todo o país. Ali, recupera alguns dos elementos e
motivos do imaginário rural, em que o sagrado e o profano seguem
quase sempre a par, para desferir duras e sarcásticas críticas aos
poderes instituídos, em especial aos herdados da cultura
judaico-cristã. Perante a ausência gritante de genuinidade do atual panorama artístico, a arte de Idalécio é duma pureza comovente, um
bálsamo para os sentidos. Um artista a conhecer numa Galeria a visitar. Sempre!
[Texto baseado no catálogo da
Exposição, gentilmente oferecido por Maria Canhota]
Sem comentários:
Enviar um comentário