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sábado, 3 de março de 2018

EXPOSIÇÃO: "D'Idalécio... Todos Temos um Pouco"



EXPOSIÇÃO: “D'Idalécio... Todos Temos um Pouco”,
de Idalécio
Galeria Cruzes Canhoto | Rua Miguel Bombarda, 452 – Porto
Abre diariamente às 10:00 (às vezes às 11:00, outras vezes não abre). Fecha às 19:00 (às vezes às 20:00, outras vezes não fecha)


Quando se juntam arte bruta, arte primitiva e arte popular, isso é... Cruzes Canhoto. Assim mesmo, a Galeria ao fundo da Miguel Bombarda, única no seu género na Península Ibérica e onde se esconde todo um mundo marginal, pleno de magia, mito e fantasia, à espera de ser descoberto. Criadas por pessoas com universos mentais absolutamente singulares – na sua maioria auto-didactas que se exprimem de forma intuitiva, sem pretensões comerciais ou ambições de celebridade – as peças exibidas na Galeria constituem um universo fantástico, de cores e formas fora do comum, com origem nas entranhas mais profundas e remotas da natureza humana.

É lá que é possível descobrir Idalécio, metalúrgico sexagenário, um artista auto-didacta, agora apresentado pela primeira vez ao público na exposição “D'Idalécio... Todos Temos um Pouco”. As suas esculturas, sobretudo as mais recentes, são quase todas monocromáticas e construídas com pedaços toscos de madeira, usando como ferramenta quase em exclusivo um machado, o que lhes confere um aspecto bruto, primitivo e minimal. Por outro lado, as suas telas, apesar de marcadas por figurações exuberantes e maximalistas, são definidas por traços seguros e por uma combinação de cores irrepreensível, qualquer que seja a paleta escolhida, numa construção harmoniosa e elegante.

Artista pop e populista, surreal e tropicalista, Idalécio inspira-se fortemente na arte popular portuguesa, de que é apreciável conhecedor, sendo um habitual frequentador das festas, romarias e feiras de artesanato que se realizam por todo o país. Ali, recupera alguns dos elementos e motivos do imaginário rural, em que o sagrado e o profano seguem quase sempre a par, para desferir duras e sarcásticas críticas aos poderes instituídos, em especial aos herdados da cultura judaico-cristã. Perante a ausência gritante de genuinidade do atual panorama artístico, a arte de Idalécio é duma pureza comovente, um bálsamo para os sentidos. Um artista a conhecer numa Galeria a visitar. Sempre!

[Texto baseado no catálogo da Exposição, gentilmente oferecido por Maria Canhota]

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