EXPOSIÇÃO: “Anjos Caídos”,
de Celeste Ferreira
Museu de Ovar
25 Nov > 30 Dez 2017
Celeste Ferreira está de regresso
ao Museu de Ovar onde dá a ver, sob o título “Anjos Caídos”,
um conjunto de trabalhos a óleo sobre tela e de técnica mista sobre
papel, realizados entre 2011 e 2017. São obras que têm como objecto
comum a figura feminina, enleada numa formidável teia de cores e
dores dum tempo de hoje e sempre, cativa de estereótipos que a
condenam a uma vivência mais ou menos figurativa, reduzida a um
rosto belo e triste, à formosura de um seio, de um ventre fecundo, de
uns joelhos que se dobram, contritos.
Aqueles “retalhos” de mulheres
configuram os “anjos caídos” que dão título à Exposição.
Na sua dimensão bíblica, a mulher está na base do pecado original
graças à cobiça de um maior conhecimento, de mais poder, acabando
por se ver lançada num mundo de trevas e de pecado, subalternizada
perante o homem por determinação divina. Tal como os nove anjos
afastados da comunhão com Deus – dos quais Lucifer é o “rosto”
mais vincado -, ela é um “anjo caído”. Mas Celeste Ferreira
imprime uma força maior à figura do “anjo”, representando-o
igualmente de forma explícita – abandonado sobre umas asas cor de
sangue, travando um duelo mortal ou reduzido a um corpo decepado –,
assim reforçando o eterno conflito entre o bem e o mal.
Mais do que a interpretação que se
possa dar a cada um dos trabalhos expostos ou ao seu conjunto – ao
contrário de outros, penso que é importante encontrarmos nas coisas
um referente, sem com isso remetermos tudo à nossa volta para uma
esfera única de racionalidade -, aquilo que de mais relevante há
nesta Exposição é a sua beleza plástica, a poesia que se
desprende de cada uma das obras. É fascinante a disposição dos elementos num
suporte tornado tridimensional por obra e graça das colagens, os
diferentes planos (ou deverei dizer “níveis de espiritualidade”)
da composição, a forma como as cores se harmonizam e definem
estados de alma, os motivos que se repetem aqui e além e conferem
coerência ao conjunto, tanto dum ponto de vista formal como conceptualmente. Celeste Ferreira nada impõe, apenas mostra. Contida, intimista, esta é uma
Exposição de enorme relevância duma artista que tem esse dom
imenso de transformar as cores em sonhos, as linhas em emoções.
Para ver até ao próximo dia 30 de Dezembro.
Muito grata pelas palavras e pela apreciação que faz ao meu trabalho. Com elevada estima e consideração Celeste Ferreira
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