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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

EXPOSIÇÃO: "As Pupillas do Senhor Reitor - Chronica da Aldeia"



EXPOSIÇÃO: “As Pupillas do Senhor Reitor – Chronica da Aldeia”,
Segundo Alfredo Roque Gameiro
Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense
14 Nov 2017 > 06 Jan 2018


O aconchegante espaço do Museu Julio Dinis – Uma Casa Ovarense dá a ver, por estes dias, um conjunto de aguarelas e ilustrações do pintor Alfredo Roque Gameiro (4 de Abril de 1864 – 05 de Agosto de 1935), a propósito do 150º aniversário da publicação de “As Pupillas do Senhor Reitor – Chronica da Aldeia”, de Júlio Dinis. Destinados à edição de luxo do romance e publicados a partir da década de 80 do século XIX pela tipografia “A Editora”, de Lisboa, são trabalhos onde avulta a extraordinária simbiose entre imagens e texto e onde a capacidade de compreender inteiramente a mensagem do escritor é evidente.

Lançado ao público em formato de folhetim em 1866 e, posteriormente, editado e publicado como livro no ano seguinte, o romance “As Pupilas do Senhor Reitor” começou a ser escrito em 1863, durante a estadia de Júlio Dinis em Ovar. Seria de esperar, pois, encontrar nestes trabalhos de Roque Gameiro, para além dos aspectos figurativos ligados à acção do romance, um pouco dos ambientes vareiros – um palheiro, os bois a puxarem as redes, um homem com camisa de flanela ao xadrez e barrete, por exemplo. Isso, porém, não acontece. Numa entrevista dada ao Diário de Lisboa, o pintor mostrou-se convencido de que o fundo do cenário não podia ser Ovar e, “após palmilhar, de recanto a recanto, o norte todo”, encontrou em Santo Tirso - onde o escritor também esteve várias vezes e onde residiu demoradamente -, “a paisagem que se ajustava, com uma realidade de entusiasmar, às descrições do romance”.

Com “As Pupillas do Senhor Reitor – Chronica da Aldeia”, o Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense volta a presentear-nos com uma Exposição de um valor e interesse extraordinários, onde avulta o rigor do artista – que chegou a queixar-se de “ver demais” -, na forma como transpõe para a tela ou para o papel as paisagens e os retratos. É legítimo pensar que seria vantajoso poder apreciar as obras expostas no seu “enquadramento natural”, ou seja, acompanhadas dum excerto do romance que as pudesse, de alguma forma, situar. Seria para o público uma enorme mais-valia, pela oportunidade implícita de compreender a dimensão de complementaridade entre literatura e pintura, aqui tão evidente. Mas estamos perante obras duma beleza invulgar e que se apreciam em toda a sua singularidade, independentemente do suporte literário a elas associado. Uma exposição a não perder e que estará patente até ao dia 06 de Janeiro do próximo ano.

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