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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: "Ilha"



EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA: “Ilha”,
de Paulo Pimenta
Centro Português de Fotografia, Porto
25 Nov 2017 > 25 Mar 2018


As Ilhas constituem no Porto uma realidade multissecular. Construídas de forma precária, aproveitando todas as nesgas de terreno, sem infra-estruturação adequada, as Ilhas são, na sua grande maioria, focos de insalubridade e de doença. O esquecimento a que foram votadas advém também da sua conformação espacial, espaços de viver localizados nas traseiras das ruas, delas separadas e delas escondidas. Apesar disso (ou, até por isso) a Ilha foi, e é, construtora de uma identidade comum, espaço de resistência e socialização dos mais desfavorecidos, elo de familiaridade e acolhimento para com conhecidos e amigos.

São sobretudo os aspectos sociais e culturais intrínsecos às Ilhas do Porto e aos seus “ilhéus” que surgem evidenciados nesta compilação de imagens do fotojornalista Paulo Pimenta, com a participação de crianças da associação O Meu Lugar no Mundo e de seniores do Centro de Dia do Senhor do Bonfim. Um trabalho de criação artística desenvolvido ao longo de dois anos e no qual se buscam respostas a questões tão pertinentes como “o que é uma Ilha”, “o que é estar dentro e estar fora de uma Ilha”, “como é viver num espaço onde as janelas se abrem para muros e as vidas se tecem em arquipélagos de corredores estreitos”, “que memórias perduram inscritas nas pessoas e nas paredes das casas” ou “onde nos cruzamos nesta cidade feita de Ilhas – Casas e Ilhas – Pessoas”.


As respostas encontram-se, em grande medida, nas imagens belíssimas que ilustram esta exposição, nos textos, escritos pelos mais novos, que consubstanciam pela palavra o sentido das imagens e ainda nos registos audio com as impressões de alguns habitantes. “Ilha” é, se quisermos, uma forma de alertar para um problema real e que urge resolver; mas é sobretudo, neste espaço do Centro Português de Fotografia e com este enquadramento, uma excelente exposição, delicada e sensível, que aborda uma temática dura e que o faz de forma equilibrada, entre a proximidade necessária e o distanciamento que se exige. Ou, como diz o fotógrafo em entrevista ao Jornalismo Porto Net [AQUI], “foi uma atitude de alerta, de denúncia, de usar a fotografia como mensagem para não se mudar o mundo, mas se calhar mudar uma vírgula – o que faz toda a diferença”. A ver, forçosamente!

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