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sábado, 6 de dezembro de 2025

CERTAME: XVII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro 2025



CERTAME: XVII Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro 2025
Vários locais
18 Out 2025 > 18 Jan 2026


Com um percurso iniciado em 1989, a Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro tem sabido afirmar-se como uma referência mundial na criação contemporânea, ao mesmo tempo que demonstra a sua vocação enquanto pilar estratégico da política cultural da cidade. A presente edição confirma a projecção global do evento, traduzida na recepção de 488 candidaturas e 782 obras provenientes de 62 países, implicando um processo de escolha que se pautou pelo rigor e diversidade. Composto por especialistas nacionais e internacionais, o júri desta edição da Bienal seleccionou 110 peças de 96 artistas e atribuiu três prémios e seis menções honrosas, reflectindo a amplitude estética e geográfica dos participantes. Como corolário deste processo, entre outubro de 2025 e janeiro de 2026 Aveiro transforma-se num palco internacional da cerâmica contemporânea, com doze exposições distribuídas por museus, galerias e espaços urbanos, onde propostas conceptuais, experimentações vanguardistas e revisitações técnicas enraizadas na tradição dialogam entre si. Esta dimensão é sustentada por uma vasta rede de parceiros institucionais, bem como pelo trabalho especializado das equipas municipais, que muito têm contribuído para revitalizar um certame que, há pouco mais de uma década, se encontrava deveras fragilizado.

As obras seleccionadas para esta edição da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro dão prova da sua qualidade, mas são também reveladoras da maturidade institucional do processo, marcado por debates intensos e por uma dinâmica de diálogo que reflectiu a pluralidade cultural dos jurados. O debate aberto entre os jurados reforçou a legitimidade das decisões e espelhou o carácter democrático do concurso, sublinhando o nível de profissionalismo que hoje distingue a Bienal. Para organizadores e participantes, o evento já não é apenas uma competição, mas um espaço de encontro global que promove inovação, capacitação e partilha de conhecimento, afirmando Aveiro como plataforma internacional de criação contemporânea. O consenso alcançado pelo júri permitiu apurar os resultados com confiança, consolidando uma edição considerada exemplar pela diversidade e pelo rigor técnico apresentados. Com o reconhecimento crescente e com uma estratégia cultural que encara a cerâmica como motor de desenvolvimento territorial, a Bienal prepara-se para continuar a fortalecer redes, atrair artistas de todos os continentes e afirmar, ano após ano, o seu contributo para a celebração da arte cerâmica e da diversidade cultural.

É no Museu de Aveiro Santa Joana que o visitante pode encontrar a Exposição do Concurso Internacional desta edição da Bienal, mostra incontornável das tendências da cerâmica artística contemporânea. Cor, forma, textura, conceito e expressão são o mote para uma exposição que reúne os trabalhos escolhidos pelo júri, com destaque para os premiados “Rainy Day”, da polaca Hanna Miadzvedzeva, “White Flowers Still Life”, do espanhol Fernando Garcés, e “Hybrid #9”, do chinês Shiyuan Xu. O Museu de Aveiro Santa Joana acolhe ainda “Curandeiros e Feiticeiros do Fogo, do ceramista peruano Carlos Olivera, trazendo-nos um vislumbre das culturas peruanas pré-incas. Paula Bastiaansen, a grande vencedora da anterior edição da Bienal, mostra-nos a sua “Fragilidade” no espaço superior do Museu Arte Nova. Quase paredes meias com este espaço, o Museu da Cidade acolhe outra exposição imperdível, na qual os membros da Academia Internacional de Cerâmica, sediados na Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, mostram à sua arte. É lá que podemos reencontrar Ellen van der Woude, grande vencedora do Concurso Internacional em 2021 e que na anterior edição da Bienal nos brindou com o seu “Paraíso Frágil”, contendo peças de rara beleza que estiveram patentes ao público no Museu Arte Nova.

“Heliotropismo: Do Centro Negro que é Tudo”, magnífica instalação de Lisa Barbosa, justifica bem a subida da Lourenço Peixinho, ao encontro da Estação de Aveiro e desse “campo negro” como ideia de comunidade e pertença através de um grupo de girassóis que coabitam. Outra exposição que merece observação cuidada e atenta, porquanto mergulha o visitante numa autêntica “casa das estórias” tem a assinatura de Heitor Figueiredo, intitula-se “Do Vermelho ao Vermelho” e está patente na Galeria da Antiga Capitânia. A participação activa das escolas dos Municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro traduziu-se no trabalho “Poesia da Forma. Sonhos”, de Núria Figueiredo, e que pode ser vista no espaço Atlas. O périplo pela Bienal deste ano termina em beleza na Praça do Rossio com a exposição “Múltiplos”, que reúne os trabalhos de alunos da Escola de Arquitectura, Arte e Design da Universidade do Minho, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Mas a Bienal não de fica por aqui. Da colecção Bienal nos Hotéis de Aveiro, com o título “Atmosfera Distinta!” aos objectos chineses em barro da colecção Carlos Xavier Reis, patente no Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro, muito há ainda para ver. Uma última nota para a programação cultural, rica e variada - performances, concertos, visitas guiadas, poesia e dança - e que culminará com o concerto de encerramento da Bienal pela Orquestra das Beiras no próximo 18 de Janeiro.

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